Capítulo 30

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- Ela mal tinha 12 anos. – murmurou a fêmea Grandson, seus olhos estavam mirando o nada, olhando para lembranças sombrias, lembranças estas que ela acabara de contar. Todos dentro do helicóptero estavam calados, presos em seus próprios pensamentos depois da história contada.

Torrent quis gritar, seu corpo todo tremia de raiva, sua visão estava vermelha de tanto ódio. O macho não conseguia suportar a violência na qual sua fêmea havia sido exposta durante a infância, ele não conseguia entender como um ser humano poderia causar tanto mal à uma criança. Desesperado e desolado, o Espécie afundou a cabeça nas mãos apoiadas aos joelhos e rosnou tão alto quanto conseguiu liberando um pouco da frustração que sentia.

Nem mesmo enquanto estivera refém de Marcelli, Torrent sentiu tantas emoções ruins. Ele crescera como um erro do experimento, uma falha, sempre fora exposto à pior face dos seres humanos, sempre fora maltratado e humilhado, mas nem mesmos suas piores experiências poderiam se comparar ao que sua fêmea passara e o conhecimento disto estava deixando-o louco.

A vontade de esmagar o macho chamado Marcus era tão forte que Torrent obrigou-se a manter as mãos agarradas as suas chochas, a dor das unhas perfurando o jeans e a sua carne não conseguiu distrair seu ódio.

- Estamos próximos. – disse o piloto pelos fones da fêmea Grandson. – É melhor pousarmos na fazenda vizinha.

-Sim, não é tão longe, mas longe o suficiente para que Marcus não ouça o helicóptero se aproximado. – dissera Arthur.

-Assim que pousarmos, seguiremos a pé – a fêmea Grandson disse retirando os fones e jogando-os atrás de si. – São três quilômetros de distância, mas conseguiremos fazer essa distância rapidamente se corrermos, ao aproximarmos da clareira onde a casa está nos espalharemos, Roger e Marte vão pela direita em direção ao estábulo, Toddy e Aaron pela esquerda, Arthur e eu iremos diretamente para a casa, você ficará n helicóptero apostos, Joshua.

-Sim, senhora. – disseram todos os machos em uníssono.

O campo abandonado da fazenda em que eles pousaram era enorme, pela forma como o mato havia crescido, aquela fazenda já não estava habitada a muito tempo. Todos desceram quase ao mesmo tempo em que o helicóptero pousou, não houve espera ou comandos dados, os humanos saíram correndo com suas armas em mãos, a fêmea Grandson era a mais rápida deles, sua velocidade se equiparava à dos Espécies e isso teria deixado Torrent surpreso se ele não estivesse tão puto a ponto de perder o controle, apesar disso, deixou que ela os guiasse, pois não saberia para onde ir.

Assim que entraram na floresta fechada ao fim do campo, pequenos fixos de luzes foram acesos pela equipe, estar adentrando em uma floresta a muito tempo inabitada por humanos não diminuiu a velocidade eles, nem moitas espinhentas, galhos ou árvores caídos os atrapalhava, quando algum obstáculo aparecia, eles simplesmente pulavam e seguiam como se nada tivesse acontecido.

Torrent viu mais a frente o fim da floresta e seu coração acelerou ainda mais, não estava cansado ou ofegante como os humanos ao seu redor, ele queria simplesmente sair correndo à toda velocidade, pular a cerca de madeira precária à frente e salvar sua fêmea, mas a capitã da Phantom fez sinal para parar e eles diminuíram a velocidade até parar à uns bons trinta metros da cerca.

-Desliguem suas luzes. – dissera ela, Apontou para um lado e depois para o outro. – Espalhem-se e sejam cautelosos, se encontrarem Marcus, atirem para matar.

-Emilly! – reprendeu Arthur em um sussurro. – Precisamos dele vivo, para o caso de ter escondido Milla...

Um som de tiro soou longe e em segundos depois, um grito feminino. Os pelos da nuca de Torrent se arrepiaram e antes mesmo de perceber, já estava correndo, seu controle indo para o inferno.

Torrent - Novas espéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora