Capítulo Onze

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Três dias se passaram, Mikael me mostrou uma trilha nas montanhas em Casina, me levou para ver uma praia e fomos na taverna novamente.

Hoje ele queria treinar comigo, eu achava desnecessário mas ele insistiu. Ele tinha me trazido em uma sala de treino, durante a madrugada.

- Você não sente sono não?- pergunto tirando minha capa e olhando a sala, era parecida com as que eu tinha frequentado, tinha armas e um tatame no chão.

- Depois desses nossos "encontros" eu vou dormir direto.- ele tirou o sobretudo preto do seu uniforme.

- Você só é livre nesse horário?

- Depende do dia, mas também é melhor porque aí não somos descoberto.- ri fraco.

- Você fala como se tivéssemos roubando algo.

Mikael pegou duas espadas da parede com armas, ele estendeu uma para mim e eu neguei.

- Se for para te derrotar, prefiro usar uma espada do meu reino.- tirei a minha espada da cintura.

- Tudo bem.- sorriu fraco, fomos para o tatame.

- Pronto para perder, general?

- Você que pensa, assassina.- desviei do seu golpe no meu rosto, cruzamos espadas e continuei a desviar dos golpes, até que consegui desarmar Mikael, peguei sua espada, cruzei as duas que segurava e coloquei no pescoço do garoto.

- Eu deixei você ganhar.- assenti fingindo que acreditava.

Lutamos mais algumas vezes de espadas e depois fomos para combate punho a punho.

Conseguia desviar dos golpes de Mikael usando minha agilidade, já percebia que ele começava a ficar puto por não ter ganhado nenhuma luta até agora.

- Está cansado, general? Então o povo de Casina precisa de mais treinamento.- disse amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo novamente.

- Você é uma Krüger, e também, você estaria ferrada se eu tivesse que usar os meus poderes.

- Eu estou morrendo de medo.- disse revirando os olhos.

Sou surpreendida com Mikael me dando uma rasteira, o garoto ficou por cima de mim, tentei soca-li mas ele fez uma espécie de algemas feitas de sombras e prendeu meus pulsos no chão.

Me debati tentando me soltar.

- Sua maré de sorte acabou...Kath.- levantei meu tronco mas continuei com as mãos presas no chão pelas algemas. Mikael segurou meu queixo fazendo eu olhar nos seus olhos.

- Acredite eu já estive em situações piores.- o garoto riu nasal. A manga da sua blusa preta estava arregalada até o cotovelo, os botões continuavam fechados mas o cabelos estava bagunçado e tinha algumas gotas de suor na testa, seus olhos me chamam a atenção, o castanho dourado bem vivos com as pupilas um pouco dilatadas.

- Está me comparando a algo pior?

- Talvez eu esteja.- senti o meu coração disparado, talvez por causa do cansaço, Mikael passou o polegar pelo meu queixo e eu jurava que ele estava se aproximando do meu rosto.

Quando a porta da sala se abriu, fui coberta por escuridão como se um manto tivesse posto em cima de mim, Mikael se levantou e eu escutei uma voz masculina.

- Mikael, o que você está fazendo aqui? A essa hora da madrugada.

- Eu que faço a pergunta.

- É o meu turno, vi a luz acesa e entrei para ver.

- Estava apenas treinando.

- A essa hora?

- Sim.

- Você não foi se encontrar com a tal garota misteriosa? Já estou cansado de cobrir suas saídas, você é o general.

- E você é o meu grande amigo.

- Fala como se não tivesse me ameaçado.

- Pode ir, já vou apagar as velas da sala e vou para o meu quarto.

- Tá bom.- escutei alguns passos mas eles pararam.- Quando que você vai me apresentar essa tal garota?

- Connie, para fora.

- Tá bom.- escutei a porta sendo fechada e a escuridão sai de cima de mim e as algemas se desfazem.

- Então quer dizer que você falou sobre mim?- disse sentando e apoiando meus cotovelos na minha perna dobrada.

- Não se gabe, ele acabou descobrindo e tive que pedir para que ele me cobrisse em algumas coisas.

- Fico imaginando o que você falou sobre mim.- ele revirou os olhos e eu ri.

A muralha entre reinosOnde histórias criam vida. Descubra agora