- Canta...mos assim, bebe...mos até o fim.- um grupo de bêbado passa por mim cantando.
Depois de chegar na pensão, dormi por algumas horas depois almocei e fui procurar meu alvo.
Lorde Eric Hillward era um ex ministro do rei Erwin, fugiu para Casina a um ano atrás depois de ter sido acusado de roubar dinheiro da educação de Araven. Depois que o dinheiro foi devolvido, ele continuou sumido.
Ele era um homem de pele branca, tem cinquenta e três anos, os cabelos são ruivos com fios brancos e os olhos verdes, é casado e tem três herdeiros que já saíram de casa.
Ouvi dos seus empregados que sua esposa estava na casa da mãe por alguns dias, o que significava que Hillward estava sozinho. Ele foi acusado uma vez de bater na esposa e havia rumores de um vício em álcool.
Agora era noite, Eric não estava em casa, estava em uma taverna e eu andava para lá. Usava roupas escuras, a blusa era de manga cumprida e com um capuz que cobria minha cabeça. Dentro das botas e do corpete havia adagas escondidas, não arrisquei de colocar uma espada em minha cintura.
Andei até a taverna, entrei no estabelecimento e peguei uma mesa no fundo escondida em um canto, a taverna tinha dois andares. O estabelecimento estava cheio, homens conversavam em um tom alto, soldados estavam comemorando sua folga.
Garçonetes serviam bebidas pelas mesas, ajeitei meu capuz.
- Boa noite, gostaria de beber algo?- uma mulher apareceu ao meu lado.
- Uma cerveja.- ela assentiu e se afastou. Percorri meus olhos pela taverna e achei meu alvo em uma mesa perto do bar de bebidas.
Ele ria com outros cinco homens, aparentemente estavam jogando cartas e apostando.
Minha cerveja chegou e eu dispensei a mulher, dei um gole sentindo o gosto amargo, coloquei a caneca de volta a mesa e encostei minhas costas na cadeira.
Havia bastantes soldados do rei, mais do que homens da nobreza, essa taverna era famosa. Teve um homem que sem querer colocou fogo na toalha da mesa, mas uma garçonete apagou usando a água do seu poder.
Fiquei naquela mesa por horas, talvez até a madrugada, bebi apenas uma caneca de cerveja, nunca fui fã desse tipo de bebida.
- Acho que eu já vou indo, camaradas.- vi Eric se levantar e sair da taverna. Deixei uma nota de dinheiro embaixo da minha caneca vazia e me levantei.
Acabo esbarrando em uma garçonete e ela derruba as bebidas da sua bandeja na mesa atrás da minha de soldados do rei. Fechei os olhos sentindo a merda vindo.
Um homem se levantou, todo molhado de cerveja. Ele segurou as alças do meu corpete com força.
- Quem você pensa que é, garota?- cuspi no seu rosto, dei um chute na sua barriga fazendo ele me largar. Corri desviando das mesas.- Vamos atrás dela!
Desviei de uma bola de fogo e sai da taverna correndo. Por ser madrugada as ruas estavam vazias, iluminadas apenas pela lua e os postes de lampiões.
Escutava os passos deles atrás, mas eu estava na frente. Corri até uma área de construção, peguei uma das adagas que estava escondida e furei um saco de cimento em pó, joguei para cima para usar como distração.
Continuei correndo enquanto escutei os homens xingando e tossindo. Virei uma rua e diminui o ritmo tentando recuperar o fôlego, paro de correr na frente de um beco escuro.
Olho para trás procurando algum sinal dos homens, quando sinto uma mão segurar meu cotovelo e me puxar para dentro do beco. Ia gritar de susto mas a pessoa tampa minha boca com a sua mão.
- Fica quieta.- escuto aquela voz, levanto minha mão e levo a ponta da adaga para o pescoço de Mikael. Escuto as vozes dos soldados se aproximando, o garoto coloca a mão, que antes estava no meu cotovelo, na minha cintura e sou coberta por escuridão.
Ele estava usando seu poder para nos camuflar na escuridão do beco. Olho e vejo os homens pararem na frente do beco e olhando para todos os lados.
- Para onde ela foi?
- Vamos continuar em frente.- eles saíram correndo, quando seus passos já estavam longe, Mikael parou de usar o seu poder.
Voltei a olhar para o garoto na minha frente, ele tirou a mão da minha boca.
- Eu aceito um obrigada.- forcei a adaga e ele levanta o pescoço.
- Como soube?
- Eu que deveria perguntar, o que Você está fazendo no meu território?
- Resolvendo assuntos.
- Um trabalho do seu rei?
- Sim, mas não te interessa. Como você me encontrou?
- Estava na taverna, no segundo andar. Aquela taverna é famosa pelos soldados e eu vou lá as vezes, seu capuz caiu na hora que deu o chute no homem e eu te reconheci.
- O que quer em troca?
- Um simples obrigada seria um bom começo.- abaixei a adaga e tirei a sua mão da minha cintura.
- Obrigada.- me virei e comecei a andar saindo do beco, olhei para cima do ombro e vi o mesmo andando, parei e me virei.- O que você quer?
- Não posso garantir que você saia em segurança?
- Posso cuidar de mim mesma.
- Desculpa, não quis ofender. Então vamos fazer assim, se tiver um tempo livre, eu posso te mostrar o reino.- eu ri.
- Está louco?
- É uma chantagem, se quiser conhecer o reino eu te mostro, se sair da linha eu conto ao rei que temos uma invasora interessante no reino.
- Por que você está tão interessado em mim?
- Porque já deu essa coisa de rivalidade, porque não sermos...amigos?- ri fraco e continuei a andar.- Se quiser, vá no beco escuro e vazio perto do castelo, quando chegar perto dele você vai saber qual é.- gritou mas continuei andando em direção da pensão.
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A muralha entre reinos
Fantasi"- A muralha entre os reinos não é apenas física, mas mentalmente também. Você tem que escolher um lado, o lado que você escolher terá consequências boas e ruins." Anos de paz reinaram entre os reinos de Casina e Araven, separados por uma grande mur...