Capítulo Cinco

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- Quanto tempo você vai ficar fora?

- Três semanas, mas se tudo ocorrer bem eu posso voltar mais cedo.- terminei de amarrar outra bolsa na cela do cavalo.

- O que foi a explosão de ontem? Estava dormindo e acordei no susto.- Jean me entregou outra bolsa.

- Fizeram um buraco na muralha e não sabem quem foi o culpado.

- Quem você acha que foi?

- Não duvido de ninguém, pode ter sido qualquer um dos lados.

Me aproximei e abracei Jean.

- Toma cuidado, seja discreta.- ri fraco.

- Eu sei, quando eu voltar, quero um dos doces de caramelo que a sua mãe faz.

- Se falar isso para ela, ela te da a confeitaria inteira.- rimos, subi no cavalo e coloquei o capuz da minha capa na cabeça, logo iria amanhecer.

Bati as rédeas e começamos a calvagar, havia um portão onde comerciantes legais podiam atravessar entre a muralha. Os guardas da patrulha me conheciam e deixariam eu passar sem fazer perguntas.

Olho para o lado e vejo o buraco na muralha alguns metros de distância, soldados armados ficavam envolta para nenhum cidadão atravessar. Olho para frente novamente e diminuo o ritmo do cavalo.

Cheguei perto do portão, levantei um pouco o capuz do meu rosto e os guardas assentiram liberando minha passagem, abaixei minha cabeça passando por dentro da muralha.

Ultrapassei a mesma e entrei em Casina. A parte perto da muralha era onde ficava com camponeses, meu objetivo era chegar na parte urbana, onde o lorde morava.

As pessoas estavam acordando aos poucos para o novo dia de trabalho.

Não acelerava o meu cavalo para não aumentar suspeitas, sempre era confundida com um comerciante solitário.

As horas se passaram e o sol já estava no topo quando eu cheguei a parte urbana, eu havia vindo para Casina poucas vezes mas lembro de como é o reino.

As ruas de pedra mais largas que as de Araven, pouco árvores nas ruas, e lá no final do reino, encima de uma montanha havia o castelo do rei Lucien.

Passei por uma feira semanal, vendedores gritavam os preços dos seus produtos para chamar a atenção das pessoas, crianças corriam brincando usando os seus poderes. Dois reinos parecidos mas tão diferentes ao mesmo tempo.

Calvaguei até achar uma pensão para eu ficar, deixei meu cavalo no estábulo, coloquei as bolsas nos ombros e carreguei uma na mão. Entrei na pensão e tirei o capuz.

- Bom dia, como eu posso ajudar?- uma senhora apareceu limpando as mãos no avental que usava.

- Bom dia, eu gostaria de um quarto.

- Ah sim, pretende passar quantos dias?

- A princípio três semanas, mas não sei ao certo.- a mulher assentiu sem perguntar. Fomos para o balcão e eu lhe dei uma boa quantidade de dinheiro que dava para o tempo que eu ficaria.

- O que uma jovem tão bonita faz sozinha e com tanto dinheiro?- a senhora disse guardando o dinheiro em uma caixa.

- Estou resolvendo negócios do meu pai, ele já é velho e doente, então resolvi assumir os negócios da família.- a mentira que eu sempre usava.

- Entendo.- ele pegou uma chave.- Venha, vou te levar para o seu quarto.

Subimos para o segundo andar da pensão, ela me guiou até um quarto no final do corredor.

- Esse é o seu quarto, tem um banheiro com água quente que não dura muito tempo então tome banho rápido se não ela fica gelada.- ela me entregou a chave.- Temos café da manhã, almoço e jantar na pensão.

- Tá bom, muito obrigada.- a senhora sorriu e se afastou.

Entrei no quarto e fechei a porta, havia uma porta para o banheiro, uma cama de solteiro, um móvel vazio com travesseiros e lençóis e uma janela que dava para um telhado de outra casa.

Coloquei as bolsas no chão e tirei a capa, comecei a arrumar minhas coisas.

A muralha entre reinosOnde histórias criam vida. Descubra agora