Capítulo Vinte e Um

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Era de tarde, provavelmente a carruagem do rei de Casina chegaria a qualquer momento.

Saio da minha casa ajeitando a ombreira de couro do meu uniforme verde escuro, dessa vez eu usava um coque baixo para manter o cabelo preso. Peguei meu cavalo e calvaguei até o castelo.

Passei a mão na crina dele e deixei que um soldado o levasse. Entrei mais uma vez pelos imensos corredores do castelo, minhas mãos suavam dentro das luvas de couro que usava.

Não sentia um bom sentimento vindo dessa reunião, e a qualquer momento o rei de Casina chegaria e seus homens.

Fui para a sala de reuniões do rei, entrei e lá estava rei Erwin com a coroa na sua cabeça, tinha alguns ministros e Caleb junto. A sala era grande, com uma mesa redonda no centro com cadeiras e no centro havia uma miniatura dos dois reinos, a muralha e alguns papéis.

Fiz uma reverência para o rei.

- Pelo menos você chegou antes deles, fique perto de Caleb.

- Sim, majestade.- disse fazendo uma reverência com a cabeça e depois fui para perto de Caleb. O uniforme do garoto estava quase que brilhando de tão limpo e o cabelo arrumado.

Coloquei as mãos para trás igual a ele e respirei fundo.

Poucos minutos se passaram quando um criado chegou na sala anunciando o rei Lucien e seus homens, engoli a seco e levantei o olhar para a porta.

Dela passou o rei também usava a coroa do seu reino na cabeça, ambas as rainhas não estavam presentes. Mikael entrou depois, com alguns guardas humanos da guarda pessoal do rei.

Ele usava o uniforme que estava impecável de limpo, os cabelos arrumados para trás e usava luvas de couro nas mãos. Ele olhou em minha direção mas eu desviei o olhar para alguns dos ministros de Araven que pareciam estar nervosos.

Os dois reis estavam sentados em lados opostos da mesa, cada general atrás do rei e eu ao lado de Caleb, rezando para que acabasse tudo logo.

- Bom, vamos dar início a essa reunião.- um ministro disse ajeitando os óculos.- A muralha, construída para ser um símbolo de paz, teve dois ataques e um deles com mortes de civis. Depois de algumas reuniões com o rei Erwin, o rei alegou que Araven não tem haver com os ataques.

- Casina também não tem nada haver com eles.- Lucien disse.

- Impossível, um dos lados tem que ser o culpado ou estamos lidando com rebeldes.- Erwin disse e Lucien riu fraco.

- Rebeldes? Só se forem do seu lado, ninguém em Casina nunca se rebelou.

- Talvez estejam por baixo do seu nariz e você não sabe.

- Está dizendo que eu não sei o que acontece dentro do meu próprio reino?- tensão se espalhou pela sala.

- Ninguém nunca sabe o que acontece com toda a certeza dentro de um reino.

- Se estamos lidando com rebeldes, o que faremos? Por onde podemos começar a procurar esses rebeldes?

- Já procuramos por espiões e não achamos nenhum.- Caleb disse.

- Também procuramos e não achamos nenhum.- Mikael disse.

- Assim fica difícil, como vamos procurar os culpados se não temos por onde começar? Ninguém que você suspeite?- Lucien perguntou e Erwin negou.

- E se for algum civil? Alguma rebelião do povo?- Caleb deu a ideia.

- Não acho que seja, o povo não tem recursos suficientes para destruir uma muralha.- digo alfinetando Erwin, o rei deu de ombros.

- Talvez seja algum tipo de declaração de guerra.- Mikael disse.

- Uma declaração de guerra? Da onde você tirou isso?- Lucien olhou para o general atrás dele, o olhar de Mikael foi para o relógio na sala que marcava exatamente cinco e meia da tarde.

- Porque eu que estou declarando uma guerra.

Então um estrondo foi escutado e fez a terra tremer, segurei na cadeira onde o rei estava, velas balançaram, Caleb segurou meu ombro tentando se manter em pé. Das janelas da sala, era visível a fumaça que tomava conta do reino.

Mais um buraco na muralha.

Voltei a olhar para as pessoas na sala, agora os guardas de Casina estavam com os rifles apontados para Mikael, que estava com as mãos para cima e ainda atrás de Lucien.

- Você é o culpado disso tudo? Mas...você me disse...

- Você cai em qualquer mentira que os outros contam, foi igual um ratinho caindo nas minhas.- Mikael olhou de Lucien para Erwin, Caleb logo sacou o meu rifle.

- Então a muralha está sendo destruída por um conflito interno de Casina?- Erwin perguntou.

- Não, isso não está somente em Casina, eu declaro guerra contra os dois reinos. Vocês dois estão sendo péssimos monarcas.- Mikael começou a andar, a mira das armas o seguia.

- E que exército você pensa que tem para isso?- Lucien perguntou.

- O seu querido exército, não perguntou a si mesmo porque o quartel estavam vazio hoje?- Lucien o olhou de boca entre aberta, chocado.- Fique com os soldados humanos, eu tenho os mais fortes ao meu lado e...- ele parou de andar e olhou na minha direção.- por fim, o meu amor.- ele estendeu a mão na minha direção.

Se eu pegasse a mão dele, eu estaria ferrada. Se eu pegasse a mão dele, eu assinei minha sentença de morte. Se eu pegasse a mão dele...

Olhei para Mikael e segurei sua mão ficando ao seu lado.

- Eu sabia que você iria me trair algum dia.- Erwin disse.

- Que bom que sabia, mas duvidou e não me matou antes. Eu estou fazendo isso para me vingar de você e o que você fez com a minha família.- digo olhando para o rei, Caleb apontava a arma para mim, parecia chocado, mas o dedo continuava no gatilho.

- Eu oficialmente declaro guerra contra Casina e Araven.- Mikael diz, senti sua mão ir para a minha cintura.

- Atirem neles!- Lucien gritou e escutei o barulho dos disparos, fechei os olhos esperando os tiros e tudo foi coberto por escuridão.

A muralha entre reinosOnde histórias criam vida. Descubra agora