A muralha entre reinos

Capítulo Treze

- Você o que?- Jean quase gritou.

- Grite mais alto e eu corto sua garganta.- digo apontando a adaga para ele e o garoto assentiu rápido.

- Você se encontrou com o general de Casina?

- Sim.

- Mais de uma vez?- olhei para o outro lado.- Mais de uma vez, você bebeu? Está louca?

- Bebi um pouco mas aquelas bebidas não tinha tanto álcool.

- Pelos céus, você está maluca.- voltamos a andar pelo armazém.- Mas...foi divertido?

- Por incrível que pareça, foi.

- Não acredito...

- O que?

- Você está com aquele olhar.- Disse apontando para mim.

- Que olhar?

- Você gosta dele.

- Não! Você enlouqueceu?- Jean sorriu fraco.

- Você o beijou?

- Não! Pelos céus, eu não deveria ter te falado nada.- andei na direção para sair do armazém.

- Mas me conta, o que vocês fizeram?- Jean disse me alcançando.

- Nós bebemos, ele me mostrou algumas paisagens e me levou a biblioteca real no meio da noite.

- Você entrou no castelo de Casina?- Assenti.- Como você não fez merda?

- Me segurei e ele estava do meu lado.

- Parece que vocês foram para um monte de encontros.- revirei os olhos mesmo sabendo que Jean estava certo, peguei meu cavalo novamente.- Mas você gosta dele?

- Não!...não.- digo me exaltando e Jean segura um sorriso.- Esqueça.

- Apenas cuidado...ele é de Casina, tem poderes.

- Eu sou forte e consigo lugar contra ele.- venci ele nas lutas. A lembrança dele segurando meu queixo e se aproximando veio na minha mente.

O que está acontecendo comigo?

- Onde você vai?

- Preciso ver o rei, para relatar a missão.- me despedi de Jean e calvaguei até o castelo.

Tirei o capuz da minha capa quando passei pelos portões do castelo, um criado em levou até a sala do trono onde o rei estava. Quando entrei, a rainha estava presente conversando com Erwin.

Fiz uma reverência para os dois, a rainha assentiu com a cabeça e saiu da sala acompanhada de suas damas da corte.

A rainha Elisa não gostava muito do meu comportamento, talvez porque eu era sangrenta demais e não era comum jovens damas terem comportamentos tão...rudes.

Eu a respeitava e ela trocava poucas palavras de todas as vezes que eu via ela.

- Relatório, Krüger.

- Morto como suicídio, deixei a cena do crime como se ele não estivesse sóbrio de suas ações e a carta deixava a herança para a esposa e filhos.

- Ótimo.- Lembrei da conversa que tive com Mikael.

- Majestade, o reino de Casina não sabe ainda quem é o culpado do buraco na muralha, eles tem a suspeita que foi algum soldado testando armamento.

- Como você soube disso?

- Escutei uma conversa em uma taverna que estive enquanto seguia o Lorde Hillward.- menti.

- Não quero que você se meta nesse assunto, provavelmente Casina foi o culpado.- disse me dando sermão.

- Sim, majestade.

- Está liberada.- fiz uma reverência e sai o mais rápido possível.

- Kathryn!- me virei e parei de andar no meio do corredor, Caleb correu até ficar na minha frente.- Oi.- ele sorriu ofegante.

- Oi.

- Você voltou de Casina né? O rei me contou.

- Sim.

- Eu...eu gostaria de saber se você quer sair comigo, para comer algo.- me segurei para não revirar os olhos.

Eu já suspeitava que Caleb tivesse algum interesse em mim, mas não era recíproco. Eu não queria magoá-lo.

- Talvez outro dia, estou um pouco cansada da viagem.

- Tudo bem. Nos vemos depois então?

- Até depois.- sorri fraco e me afastei.

Um guarda me entregou o meu cavalo e eu sai calvagando lento.

- Eu não aguento mais, você já foi tratado mal?- digo acariciando a crina do meu cavalo.- Eu não aguento mais fazer o trabalho sujo dele, se ele me matar, ninguém vai sentir minha falta mesmo. E Caleb? Ele é um bom homem mas eu não gosto dele, acho que nunca tivemos uma conversa que não fosse formal.

Voltei para o estábulo perto da minha casa, desci do cavalo e um bilhete apareceu no ar e caiu na minha mão, olhei para os lados vendo se eu estava sozinha.

Assassina, é errado matar um amigo que fica enchendo o seu saco de perguntas?

Acabei rindo fraco, tirei a minha capa e fui para a minha casa para responder o bilhete.