Dois ou três dias se passaram, não sabia direito.
Eu estava cansada, mentalmente e fisicamente, as torturas eram espancamentos e assédios, me chamavam de vadia, traziam coisas do meu passado.
Ele estava me despedaçando, estava me quebrando.
Não bebia ou comia direito, apenas um copo de água e um pão pequeno.
Tentei fazer um plano para escapar mas não tinha nada para quebrar as correntes, não tinha nada para abri-las.
Não tinha nenhum sinal de Mikael.
Conseguia escutar o barulho de tiros e bombas, o que significava que a guerra ainda continuava.
Mais um noite chegou, não conseguia imaginar o que viria com ela, não queria ver o meu estado, provavelmente estava com o rosto avermelhado, corte nos lábios e um na testa.
O corte do meu braço havia parado de sangrar, mas não sabia se estava com alguma infecção.
A porta de ferro foi aberta e eu já tentei me arrastar para me afastar. Cain estava nela, esperei ele falar alguma merda mas fui surpresa com o corpo dele caindo na minha frente com uma adaga cravada nas costas.
Levantei o olhar e vi Pietro, o homem de cabelo avermelhado, entrando na cela com as chaves e se agachando ao meu lado começando a me soltar das correntes.
- Me perdoe pelo que ele fez, eu não podia acabar com o disfarce antes do tempo.- ele soltou o meu pulso direito.
- Quem é você?- ele riu fraco tentando abrir a corrente do pulso esquerdo.
- Sou o espião que estava infiltrado em Araven. - ele me soltou e fez uma chama com a mão, ele tinha magia. Ele soltou meus pés também.- Consegue se levantar?
Ele me ajudou e eu fiquei em pé, uma leve tontura me atingiu mas nada que eu não conseguisse aguentar.
- Você sabe de Mikael?
- Ele matou Lucien, a rainha e o príncipe estão desaparecidos.
- Ele não tentou me salvar?- não podia ser verdade.
- Eu tentei entrar em contato com ele antes mas não consegui, está um inferno lá fora...ele fez um inferno.
- Como assim?
- É melhor ver com os seus olhos depois, agora vá, fuja. O castelo está praticamente vazio, todos abandonaram ele, eu já mandei um bilhete mágico para Connie antes de matar Cain.
- E Erwin?
- Está na sala do trono, sozinho.- sabia que ele não tinha dito aquilo atoa, peguei uma espada da cintura de Cain e sai da sala.- Kathryn!
Não virei para trás, continuei andando até sair dos calabouços, cada passo doía os meus ossos e músculos.
Andei no corredor vazio, sem criados, sem guardas, havia coisas quebradas pelo chão. Continuei andando até chegar a porta dupla de madeira, abrindo com um chute.
Erwin estava sentado no pé do trono, sem coroa, as roupas amaçadas e a cara abalada e inchada como se ele estivesse chorado.
Olhei para as janelas e entendi o que Pietro queria dizer com inferno, o reino tinha alguns telhados pegando fogo mas o que me chocou foi que mesmo de dia, não havia céu. Tudo foi tomado por uma fumaça preta e aparentemente densa, havia guardas mortos pelas ruas.
Agora eu entendi porque durante esse tempo não entrava uma luz do sol na cela, não havia sol, nem a lua ou estrelas.
- Nunca te vi tão fraco.- digo e o rei me olha ficando em choque.
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A muralha entre reinos
Fantasía"- A muralha entre os reinos não é apenas física, mas mentalmente também. Você tem que escolher um lado, o lado que você escolher terá consequências boas e ruins." Anos de paz reinaram entre os reinos de Casina e Araven, separados por uma grande mur...