Capítulo Trinta e Quatro

473 61 2
                                    

Um mês se passou para que a assembleia acontecesse, durante esse mês foi um inferno, tive pesadelos quase todos os dias e as vezes acordava indo correndo para o vaso para vomitar.

Mikael sempre esteve ao meu lado, ou consolando meus pesadelos ou segurando meu cabelo curto, disse para ele dormir em outro quarto, para ter um pouco de paz, mas ele se recusou.

O médico havia dito que eu estava passando por consequências das torturas, os pesadelos eram apenas o meu subconsciente brincando com a minha sanidade e o vômito era um efeito.

Ele me passou alguns remédios e eu comecei a tomá-los, na última semana eu consegui dormir por algumas noites sem pesadelos, os vômitos diminuíram mas ainda continuavam as vezes.

Conversava com Jean por bilhete mágico, as casas de ambos os reinos estavam em construções novamente, algumas famílias voltaram outras ainda não. Jean ainda estava com a mãe e eles logo voltariam para o reino.

Meu relacionamento com Mikael continuava o mesmo, as vezes estávamos tão cansados que passávamos o dia todo deitados abraçados na cama olhando para o nada, ele me contou história da sua infância e de sua família.

- Você teria adorado a minha mãe, ela era animada e muito carinhosa.- disse uma vez, segurei a lateral do seu rosto e depois o abracei.

Mesmo com nossos problemas, estávamos tentando ajudar um ao outro, ele sempre esteve ao meu lado e eu ao dele.

Término de amarrar o corpete marrom que usava, a um mês que eu não coloco um corpete. Perdi um pouco de peso mas comecei a ganhá-lo de volta, meus cabelos continuavam curtos. Usava uma blusa azul escura ombro a ombro de manga cumprida, corpete de alça, calças e botas pretas.

Olhei para a minha mão vendo o anel no meu dedo e sorri.

Mikael saiu do banheiro já pronto também, usava calças e botas pretas, a blusa era de manga cor creme e o colete preto, os cabelos arrumados.

- Está pronta?- ele veio na minha direção.

- Estou.

- Tem certeza que não quer desistir?- segurou minha mão.

- Tenho.- ele beijou minha testa e depois eu beijei sua boca, um selinho demorado.

Saímos do quarto um do lado do outro, sentia um frio na barriga a cada passo que se aproximava do salão. Se eles fizessem a votação, e eu for escolhida para ser rainha, eu não vou recusar, não vou deixar o povo, não vou fugir.

Eu até pensei na possibilidade de uma vida naquela casa escondida, mas desisti da ideia. Esse novo reino precisa de governantes justos, que intendem o que o povo precisa e fariam de tudo para que todos vivessem em paz, tanto humanos quanto pessoas com magia.

Engoli a seco entrando no salão, ele era iluminado pela luz do sol, a um mês atrás ele era uma enfermaria mas agora estava cheio de soldados com magia, consegui ver também alguns nobres de Casina e Araven no meio da multidão.

Eu e Mikael fomos para o círculo vazio no centro, todos nos olhavam, percorri meus olhos na multidão e encontrei Connie ao lado de Pietro, sorri fraco para os dois e eles retribuíram.

- Podemos começar?- todos diminuíram as conversas com a voz de Mikael.- Vencemos a guerra, perdemos alguns mas não comparado aos do outro lado. Os reis estão mortos e estamos livres.

Algumas pessoas gritaram comemorando outras apenas assentiram com a cabeça.

- Mas, devemos decidir o destino do reino, não podemos deixar tudo fora de ordem. Precisamos dar ao povo o que aqueles reis não deram ou não deram o bastante. Por isso, antes de decidimos as leis e outros detalhes desse novo reino que estamos construindo juntos, precisamos decidir quem irá assumir a coroa.

A muralha entre reinosOnde histórias criam vida. Descubra agora