Capítulo Dezesete

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Duas semanas se passaram voando, consegui arrumar uma costureira para fazer meu vestido e máscara. Como planejado o rei não tinha me chamado para mais nenhum trabalho.

Jean me ajudou a arrumar minhas bolsas, coloquei o vestido e salto delicadamente para não amaça-Los e mais algumas peças de roupa. Na segunda bolsa coloquei armas para não ir desarmada.

Estava amanhecendo e o baile era hoje a noite, não ia ficar em Casina, voltaria para minha casa na tarde do dia seguinte.

- Cuidado e se divirta.

- Obrigada.- bati as rédeas do meu cavalo e sai, o capuz cobrindo meu rosto.

O rei Erwin marcou uma reunião com o rei de Casina depois de amanhã para decidirem o que estava acontecendo com os reinos e achar um culpado. Erwin tinha me chamado para comparecer na reunião e eu iria, se tudo desse certo hoje.

A passagem foi limpa mas ainda estava bloqueada por pedras então o buraco da primeira explosão se tornou a segunda passagem.

Não sabia o que Erwin tinha decidido, se Casina tinha culpa ou até mesmo alguém de Araven, apenas sentia que tinha algum culpado naquela história.

Me misturei do meio dos comerciantes e passei sem os soldados me verem, calvaguei até o reino de Casina mais uma vez.

Cheguei no reino por volta do meio dia, dessa vez me hospedei em uma pensão mais próxima do castelo e mais cara para duas noites.

O dono da pensão me entregou a chave do meu quarto no segundo andar, entrei no mesmo e era um quarto simples. Deixei minhas bolsas em um canto e tirei do bolso o papel do bilhete e uma caneta.

Anotei o endereço da pensão e o bilhete logo sumiu, Mikael tinha colocado um nome falso na lista do baile e mandaria uma carruagem me buscar para acreditarem que eu era da nobreza.

Respirei fundo e andei até a janela do quarto, conseguia ver a rua movimentada e continuava a me perguntar se tinha feito a escolha certa.

O dia foi passando até anoitecer.

Tomei um banho e coloquei um vestido simples, a maquiagem fiz meu olho esfumado e o batom de um tom quase escuro. Meu cabelo prendi na metade e deixei o resto solto, consegui fazer alguns cachos usando uma técnica que via as damas da corte da rainha fazendo.

Não tinha o costume de me arrumar tanto mas sabia como por causa da rainha de Araven.

Depois que terminei, coloquei meu vestido, o decote era em V, as alças do vestido eram ombro a ombro grossas, usava um corpete por baixo para acentuar minha cintura. O vestido possuía um uma mistura de cores, ele começava preto pelo meu tronco, a partir do meu joelho o preto se transformava em um azul escuro. A saia era longa e volumosa quando girava.

Coloquei um cinto prata com pedras brilhantes, um brinco de cristal nas minhas orelhas e um salto preto nos pés. Por fim a máscara no meu rosto, era prata e tinha detalhes, ela cobria meu nariz, ao redor dos meus olhos e metade da minha testa.

Por baixo da saia, em um suporte, coloquei algumas adagas nas minhas coxas. Queria esconder mais armas mas o decote do vestido não deixava.

Me olhei no espelho e quase não me reconheci, talvez agora a rainha Elisa tivesse orgulho de mim. Eu não parecia a assassina do rei de Araven. Parecia ser uma princesa ou a filha de um marquês.

Coloquei uma capa preta nos meus ombros, desci as escadas da pensão andando até a recepção.

- A senhorita vai ao baile?- o senhor me perguntou.

- Vou.

- Divirta-se.- ele sorriu e eu sorri fraco em resposta. Sai da pensão e uma carruagem preta se aproximava até parar na minha frente, um cocheiro desceu e abriu a porta para mim.

- Senhorita Camille Vanserra?- Assenti escutando o nome falso que usaria, o homem me ajudou a entrar na carruagem e fechou a porta.

Passei as mãos na saia do meu vestido e olhei para a janela quando a carruagem voltou a se movimentar. Alguns trovões ecoavam no céu anunciando que a qualquer momento poderia chover.

Hoje eu não era Kathryn Krüger, eu era Camile Vanserra por uma noite.

A muralha entre reinosOnde histórias criam vida. Descubra agora