Eu encaro o leão do outro lado do vidro. Ele está de costas para mim, olhando todo o seu reino. As costas estão relaxadas, mas eu sei que isso nunca é bom. É o sol antes da tempestade.
Ele se vira de repente e caminha lentamente pelo lugar. Ele nem sequer olha para suas presas, amedrontadas. Não é preciso. Só a sua presença já as deixa imobilizadas. É um talento para muitos. Mas, para mim, é uma maldição.
Quando ele abre a boca para dar o rugido final, meu telefone toca na minha mão.
-Alô? – Eu atendo rapidamente, antes que o barulho chame atenção indevida.
-OLÁ! – Minha irmã grita no telefone por causa do barulho.
-Meu Deus, que barulho é esse?
-Estou chegando ao hospital. Tive que vir andando porque...
-O carro estragou de novo. – Nós duas falamos juntas e rimos.
-Eu vou dar um jeito. – Eu digo, voltando minha atenção para o leão.
-Não se preocupe com isso. Andar faz bem para a saúde e eu, como uma boa enfermeira, deveria dar o exemplo, certo?
-Sim.
-E, bem, você sabe. Comida pronta não leva ninguém a lugar algum.
-Com certeza.
-Eu li uma pesquisa que...
A voz da minha irmã se perde quando o leão tira o paletó que usava e dobra as mangas da camisa até o cotovelo, sem tirar os olhos do papel que estava lendo. Tudo lentamente, controlado. Ele coloca uma mão no queixo, como sempre faz quando está absolutamente concentrado em algo.
Eu conhecia essa expressão há dois meses. Por alguma distração do destino virei secretária dele.
Kerem Bürsin precisava urgentemente de uma secretária. Talvez pelo seu ótimo humor ou educação.
Quem eu quero enganar? O homem é o demônio em forma de gente. Não sei se alguma vez em sua vida ele conheceu as palavras "por favor", "obrigado" e "com licença".
Sim, eu estava desesperada por um emprego.
Eu o odeio com todas as minhas forças. E ele ter a fisionomia de um Deus só contribui com o meu ódio.
-Então nós vimos um unicórnio e um elefante rosa voando. – A voz da minha irmã me tira dos pensamentos.
-O que?
Ela gargalha.
-Você não estava prestando atenção!
Eu suspiro. -Desculpe.
-Hm. – Ela diz pensativa. – Como anda o felino?
Eu suspiro novamente, com um toque de impaciência dessa vez.
-Mal-educado. Rancoroso. Idiota. Enfim, detestável como sempre.
-Gostoso também.
-Gamze!
-O que? Você pode odiar o homem, mas tem que admitir: ele é um pedaço do céu na terra.
Eu realmente não queria falar sobre isso com a minha irmã. Então mudo de assunto.
-Como está o Aslan?
Aslan é o meu sobrinho, que eu amo mais que a vida. Ele e minha irmã são a única família que eu tenho na cidade. Meus pais se mudaram há alguns anos para o interior por um problema de saúde da minha mãe.
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Someone to you
FanfictionKerem Bürsin é um dos maiores empresários da Turquia. Completamente viciado em trabalho, que não aceita erros ou brincadeiras que possam interferir em seu desenvolvimento profissional. Hande Erçel é totalmente o oposto, mas, por ordem do destino, se...