#16. K

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Eu vou matar a Gamze.

Hande e eu congelamos no lugar assim que a voz da irmã dela chega aos nossos ouvidos.

Escutamos alguns passos e Hande me dá um beijo na mandíbula e dois tapinhas no ombro, sinalizando que eu a coloque no chão.

Porra, eu vou matar a Gamze.

É o tempo apenas de Hande arrumar o cabelo que ela aparece no topo da escada. Gamze coloca a mão no coração.

-Vocês me assustaram.

-Achei que você estava dormindo. - Hande responde, calmamente. Mas, como estou ao seu lado, consigo ver seu peito subindo e descendo. Ela está com a respiração rápida. Eu sorrio de lado, ficando aliviado em saber que eu a afeto assim como ela me afeta.

-Estava indo passar o olho em Ayla e como não ouvi nenhum carro... - Gamze dá de ombros e boceja.

Ficamos alguns segundos em um silêncio desconfortável.

-O que vocês estavam fazendo? - Gamze pergunta.

-Nada. - Respondemos juntos.

Não sei se ela acreditou, mas deu de ombros desejando um boa noite embolado e voltando para o quarto. Sério que ela atrapalhou só para isso?

Eu vou matar a Gamze.

-Qual é a sua opinião em se tornar filha única? - Eu pergunto, tentando parecer sério.

Hande gargalha e me dá um beijo rápido. Ela me puxa pela lapela do colete e eu levanto uma sobrancelha, curioso sobre onde ela quer chegar.

-Então... - Ela diz, apenas mexendo no botão da blusa. Eu passo meu braço pela sua cintura.

-Então, onde paramos? - Respondo, passando meu nariz pelo dela.

A nossa aproximação não dura muito pois, como se soubesse, Ayla começa a chorar no andar de cima.

-Acho melhor deixarmos isso para outra hora. - Hande se diverte.

Eu bufo, inacreditável.

-Pode deixar que eu a olho. - Eu digo, não é possível que Ayla vai chorar a noite inteira!

Hande balança a cabeça, sorrindo envergonhada. - Tudo bem, eu meio que senti falta dela...

Eu sorrio também e estico minha mão para ela. - Então vamos.

Ela pega minha mão e subimos a escada juntos em direção ao quarto de Ayla.


-☆-


Ayla está sentada no berço, com os olhos vermelhos mas olhando com curiosidade ao redor.

-Ei, bolota. - Hande a cumprimenta, tirando-a do berço.

Minha filha dá um sorriso e deita a cabeça no ombro de Hande, mas não deixa de olhar para mim, sorrindo também.

Meu coração se aquece. Não é a primeira vez que vejo Hande com Ayla no colo, mas está tudo diferente agora. Ela não é mais qualquer pessoa em minha vida. Com ela aqui, me sinto mais próximo de fazer parte de uma família que já estive em toda minha vida.

-O que foi? - Hande pergunta.

-Nada. - Balanço a cabeça. - Eu gosto de olhar para vocês duas.

Hande me olha desconfiada. - Você pode ser assim para sempre?

Eu gargalho, fazendo Ayla levantar a cabeça.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora