#7. H

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** Sugestão de música para a leitura: You are my sunshine - Johnny Cash


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Passamos mais de vinte minutos com Gamze explorando a casa de Kerem com as mais diversas reações, como "Uau", "eu nunca ia sair daqui", "nossa, que brega isso", "se eu pegar para levar para casa, ele perceberá?", "Tem tanta coisa aqui que ele nem vai notar", "juntei os braços para não esbarrar em nada".

-Então... – Gamze diz quando nos sentamos na cozinha com nossas xícaras de chá.

-Não começa.

-Mas eu não falei nada. Ainda. – Ela diz sorrindo.

-Não precisa, eu já sei o que você está pensando.

-O que eu estou pensando, minha queria irmã, é que para duas pessoas que se odiavam, vocês estão se saindo muito bem.

-Fizemos um pacto silencioso. – Eu respondo, dando de ombros.

-E como seria isso?

-Eu ouvi uma conversa dele com a bebê e ele prometeu sem um bom pai. Então, acho que está tentando de verdade, e está se saindo bem.

-Ahhh sim! Eu imagino que esteja mesmo. Se eu fosse você, marcava logo território. Um homem daquele, com uma bebê linda daquela no colo? – Ela balança a cabeça e faz um sinal de explosão com a mão – Úteros explodindo.

-Para com essa bobagem! Vou ficar aqui uma semana e depois vou embora.

Ela me observa por alguns segundos.

-Você quer ir?

-Onde?

Ela me olha, impaciente.

-Embora! Sair daqui. Deixar os dois.

Eu não respondo, por que eu não quero. Só de pensar em sair por aquela porta e deixar Ayla para trás, meu coração dói. Mas, racionalmente? Eu sei que não tenho dever e nem direito de ficar. Eu não sou nada dela, muito menos dele.

Passo a maior parte do tempo pensando em motivos para não ir embora. Por mais que ensine Kerem a fazer o que é necessário, ele tem pego tudo rápido, no fundo desejo que não seja assim. Queria que ele demorasse a aprender. Que demorasse a encontrar uma babá. Mas cada vez que ele faz algo certo e me olha com aquele sorriso matador no rosto, eu sei que ele fica feliz por ser um passo mais próximo do dia de me mandar embora.

-O que vai fazer no final de semana? – Eu mudo de assunto.

-Ah, foi bom você mudar de assunto. Vamos levar Aslan ao parque, parece que acontecerá um campeonato de pipa ou algo assim que ele quer participar. Você quer ir?

-Hm, não sei...

-Ah, vamos sim! Leve Ayla para dar um passeio, faz bem para o bebê! Leve Kerem também, é bom sair com os bichinhos as vezes, você sabe, por causa da raiva e tudo.

Eu gargalho.

-Certo, me passe as informações depois!

Ela comemora.

-Aslan convidou papai para vir, mas não acho que conseguirá chegar. – Minha irmã diz.

-Você tem falado com ele? – Eu pergunto.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora