#18. K

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-Oi, irmãozinho.

Escuto a voz do outro lado da linha, praticamente igual a minha. Merda.

Não me entenda mal, ele é meu irmão e eu ... gosto dele. Mas eu realmente, realmente, não queria ter que lidar com ele agora.

Meu irmão sempre foi anti-família. Com tudo o que aconteceu conosco no passado, para ele família é sinônimo de distração, perda de tempo... É algo que paralisa e limita o sucesso de uma pessoa. Murat nunca foi casado, não tem filhos e eu nunca o vi com uma mulher (ou homem) na vida.

Não estou preparado para lidar com o olhar de decepção em seu rosto quando descobrir que tenho uma família. Que eu sou pai e estou...

Porra. Agora não.

Hande olha para mim, estou travando o maxilar. Ela pega Ayla do meu colo com um sorriso simpático e vai em direção a casa.

-Murat. - Respondo, quando ela entra.

- Finalmente consegui falar com você. Tenho tentado a meses.

-Eu sei. - Respondo. E eu tenho te ignorado há meses, penso.

Ele gargalha. -Outch, isso não foi legal.

-O que você quer? E de quem é esse número? - Confiro novamente e vejo que era de um número desconhecido.

-Não importa. - Diz. - Eu estou no seu escritório e fiquei surpreso por você não estar aqui. Pensei que tivesse morrido. É o único motivo para você não estar trabalhando.

-Hoje é domingo, por que eu estaria no escritório? - Pergunto, confuso.

-E daí? Isso nunca foi impedimento antes. Por favor, Kerem, isso é desculpa de preguiçoso. Não sabia que você estava deixando a minha empresa às moscas.

-Minha empresa. - O corrijo. - E não estou, tinha coisas mais importantes para fazer.

-Bom, não consigo pensar em nada que seja mais importante que...

-Murat. - Eu o corto. - O que você quer?

Ele fica em silêncio por um segundo.

-Somente queria te avisar que estou de volta. Era para ser algo passageiro, mas pelo visto terei que ficar mais um tempo.

Seguro o celular com mais força no ouvido. Murat não diz mais nada, apenas desliga o telefone.

Porra.

-☆-


Hande bate levemente na porta antes de abrir.

-Oi. - Ela diz, colocando a cabeça para dentro.

-Oi. - Respondo, soltando os papeis que estava analisando.

Ela vai em direção à cadeira que fica em frente a mesa para se sentar, mas eu faço um sinal e arrasto minha cadeira para trás, dando espaço para que ela se sente no meu colo. Ela sorri, parecendo aliviada.

Ela passa os braços no meu pescoço e eu seguro sua cintura, passando o nariz pelo seu pescoço, sentindo seu cheiro.

-Tudo bem? - Ela pergunta e eu suspiro.

-Sim, parece que meu irmão vai passar uma temporada aqui então só quero ver se está tudo em ordem.

Hande me observa por alguns segundos e passa a mão pelo meu rosto.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora