Someone to you

#39. H

Só uma pequena observação antes de começarem: a cena que a Hande fala da Ayla (e toda a história da relação das duas, principalmente de como ela se sentiu quando conheceu a bebê), é inspirada na história da Giovanna Ewbank com a filha dela, a Titi. Eu acho simplesmente incrível e me emociona todas as vezes que assisto, e eu queria passar essa mesma sensação em relação a Hande e a Ayla para vocês. Espero que eu tenha conseguido :)

O vídeo está na mídia do capítulo. Boa leitura :*

-☆-

-Boa tarde, Hande - Gunfer, a nova assistente de Kerem me cumprimenta assim que saio do elevador e entro no escritório.

Há algumas semanas, consegui convencer Kerem a contratar uma nova assistente para ajuda-lo. Obviamente o fiz prometer que ele não voltaria a ser o carrasco cretino que era comigo e, depois de revirar os olhos, ele passou seu dedinho pelo meu.

Eu pulei de animação quando encontrei Gunfer. Ela é perfeita no que faz e está se adaptando bem ao trabalho. Quando a perguntei como foi a semana, não tinha nenhuma reclamação a fazer. Fiquei desconfiada de que Kerem estivesse tramando alguma coisa, como fez com as babás alguns meses atrás, mas percebi que ele também está encantado com ela e estão se dando muito bem. Ela foi um achado.

-Oi, Gunfer – eu sorrio para ela, feliz por finalmente convencê-la a parar de me chamar de Srta. Erçel – Como você está?

-Bem e você?

-Tudo bem, também. Kerem está na sala? – Pergunto, apontando com o queixo para a porta fechada logo atrás dela.

-Não, ele está em uma reunião. Mas já deve estar acabando – ela diz, olhando no relógio do computador – se quiser pode esperar lá dentro.

-Obrigada!

Ela abre a porta para mim e me oferece algo para beber. Depois que nego, ela fecha a porta atrás dela com um sorriso simpático.

Olho ao redor e, por incrível que pareça, sinto uma nostalgia. Apesar de planejar o assassinato do meu chefe pelo menos três vezes ao dia, eu sempre gostei de estar aqui. A sala é ampla, com duas das paredes sendo de vidro do chão ao teto e todos os móveis são em madeira escura e preto, tudo muito impessoal e de certa forma, indiferente.

Mas, o que eu mais gosto daqui, é um armário que vai do chão ao teto, localizado ao lado da janela, cheio de bugigangas.

Nunca pensei em Kerem como um homem que guardassem esse tipo de decoração. Quando perguntei sobre os enfeites, ele me explicou que são lembranças de cada cidade que ele visitou. Seus olhos brilhavam quando me mostrava de qual país era cada um. Fiquei impressionada por ele se lembrar de todos os lugares.

Franzo as sobrancelhas quando vejo dois tickets no fundo de uma das prateleiras. Abro a porta de vidro para descobrir o que é. Isso é novo.

Solto o ar devagar quando identifico. Ele guardou as entradas do cinema drive in que fomos há um tempo. Fico tocada pelo gesto, por ele ter guardado uma lembrança nossa.

Quem sabe no futuro eu também não vou ajudá-lo a encher as prateleiras que faltam com memórias de nós três?

-No que está pensando? – Ouço sua voz atrás de mim e dou um pulo de susto. Um dia eu ainda vou colocar um sino no pescoço dele, para fazê-lo parar de me assustar assim.

-Em nada – respondo, dando de ombros.

Ele se aproxima e para atrás de mim, com seu peito tocando meu ombro. Kerem estica a mão e pega as entradas.