#45. H

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Sugestão de música: Love Someone - Lukas Graham

-☆-

-E aí? O que eles disseram? - Ipek me pergunta assim que volto para onde ela está sentada, em uma das cadeiras no saguão do aeroporto.

-O avião acabou de pousar. - Respondo e, assim que eu me sento, Ayla voa para o meu colo. Eu sorrio e a ajeito, ela deixa a cabeça cair no meu ombro enquanto mexe no meu cabelo com as mãozinhas.

Estamos esperando Kerem e Anil voltarem de viagem. Não houve nenhum problema, acho que é porque estou tão ansiosa para Kerem voltar, que só precisava que alguém me dissesse que ele finalmente chegou, ao invés de ficar esperando esse painel estúpido mudar o status do voo.

-Como ele está? Com tudo que está acontecendo? - Ipek me pergunta, ela fura o suco de caixinha com um canudo e entrega para Nil, que está sentada no meio de nós duas, entretida jogando algum joguinho no celular.

-Por incrível que pareça, está bem. Achei que ele ficaria mais abalado quando se encontrasse com Murat, mas reagiu melhor do que o esperado. Acho que ele está mais fulo da vida pelo que aconteceu a Ayla do que com todo resto.

Ipek balança a cabeça, achando graça do meu pseudopalavrão.

-Eu realmente não imaginava que Murat fosse capaz de fazer o que fez. - Ela nega com a cabeça. - Eu conheço o cara a minha vida inteira e, por mais megalomaníaco que ele parecesse, isso nunca se passou pela minha mente.

Eu arrepio, abraço Ayla mais apertado e ela reclama.

-Pois é. Agora isso não passa de uma lembrança ruim.

Ela dá um aperto de conforto no meu braço e voltamos a um silêncio confortável. Até Ipek abrir a boca novamente.

-Ele foi o meu primeiro beijo. - Ela murmura.

-O que? Quem? Kerem?

Ipek me olha impaciente e revira os olhos.

-Não. Murat.

Eu olho para ela com os olhos arregalados e sobrancelhas erguidas.

-O QUE? - Pergunto provavelmente alto demais, já que várias pessoas viram por um instante para nós duas. Ela cruza os braços.

-Como se você não tivesse feito nenhuma cagada na sua vida, Hande.

-Fiz, algumas, eu acho. Mas... Você... Murat... Vocês dois... Como? Quando? Na verdade, por quê?

Ipek ri um pouco e coça a cabeça, sem graça. Acho que é a primeira vez que vejo essa mulher desconfortável.

-Eu era uma adolescente com muitos hormônios e ele era o bad boy da casa ao lado. - Observo seu rosto começar a ficar vermelho enquanto ela fala. - Ele tinha o cabelo no estilo do Patrick Swayze em Dirty Dance, usava um casaco de couro e...

-Oh, não. Ele não tinha uma moto, tinha?

Ela desvia o olhar do meu e olha para a unha, em uma indiferença totalmente fingida.

-Tinha. - Ela dá de ombros.

-Uma Harley? - Pergunto, paciente.

-Que outro tipo de moto os bad boys dos anos noventa tinham, Hande? - Ela pergunta brava enquanto eu estou ficando sem ar de tanto rir dela. - Cretina.

-Ok, ok. Desculpa. - Eu falo, limpando as lágrimas dos olhos. - O que aconteceu entre vocês?

Ela dá de ombros.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora