#50. K

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Sugestão de música: Can't take my eyes of you - versão Joseph Vincent

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- Estive pensando...- Eu falo, me olhando no espelho para terminar o nó na gravata. Não que eu precise do espelho para fazer isso, acho que aprendi a dar nó antes mesmo de andar. Não, estou olhando porque quero observar a reação de Hande, que está sentada na poltrona, colocando o salto alto.

Estamos nos preparando para a festa de final de ano da empresa, onde daremos prêmios de reconhecimento para os funcionários destaques do ano, anunciaremos as promoções, algumas mudanças e novidades para o próximo ano.

Não sei como, mas todas as ameaças que fiz para os sócios de Murat acabaram chegando nos ouvidos dos seus funcionários e mais tarde, nos dos meus. Tivemos que compensar nas comemorações para tirar o foco desse assunto e contrabalancear o medo que o boato trouxe.

- Sobre o que? - Ela pergunta, calçando um pé.

- Quanto tempo você acha que é preciso para organizar um casamento?

Ela dá de ombros, distraída.

- Não sei. Um ano? Talvez seis meses?

Ainda bem que ela não está olhando para mim. Seria difícil disfarçar a expressão de ultraje no meu rosto. Ela só pode estar maluca se acha que eu vou esperar todo esse tempo.

- O que você acha de três meses?

Ela para o que estava fazendo, olha para o chão por dez segundos e então olha para o meu reflexo. É quando eu desvio o olhar, fingindo estar concentrado demais na gravata.

Ela consegue pegar um discreto sorriso no meu rosto.

- Você está brincando...?

Eu me viro para ela e me aproximo.

- Claro que não, só achei sua reação engraçada. - Eu me ajoelho na sua frente, uma mão apoiada no braço da cadeira a outra na sua coxa. - Porque está tão surpresa?

- Sei lá. Acho que é um grande passo para você. Pensei que talvez precisasse de um tempo para se acostumar com a ideia.

Eu acho graça.

- Você está louca? Eu não vejo a hora de me casar com você, de ter o meu sobrenome.

-Por que eu quem tenho que pegar o seu sobrenome? - Ela brinca.

- Tudo bem, eu pego o seu.

Ela ri. - Kerem Erçel seria um nome incrível.

Dou de ombros, sem dar importância.

- Acho que combina comigo. - Ela balança a cabeça, achando graça.

- Por que três meses? - Pergunta por fim.

É a minha vez de ficar surpreso.

- Pensei que quisesse esperar o inverno passar, talvez fazer a cerimônia na casa do seu pai...

Ela franze os lábios, pensativa.

- É, não é uma má ideia.

Meu coração se acelera pelo rumo que essa conversa está tomando.

- O que? Você se casaria comigo antes?

Hande passa os dois braços pelo meu pescoço, me puxando mais para perto dela.

- Sr. Bürsin, eu me casaria com você em pleno inverno no cartório da cidade.

Eu sorrio.

- Eu me casaria com você em pleno inverno no nosso jardim.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora