#47. H

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- Você está nervosa? - Kerem me pergunta, colocando a mão na minha coxa e me acalmando. Eu tenho balançado a perna pelos últimos dez minutos, não sei como ele não me parou antes.

Dou de ombros.

- Um pouco.

-Por causa da viagem, da exposição ou do Natal? - Ele pergunta, sem desviar a atenção da estrada.

- Acho que um pouco de cada. As datas ficaram tão próximas, tenho medo de que algo dê errado...

Há dois dias, recebi uma ligação da dona da galeria, que vai expor meus quadros, antecipando a data. Isso atrapalhou toda a organização que tinha para o Natal, já que me deixou completamente surtada nos últimos dias finalizando os quadros. Ainda me sinto incomodada por viajar dois dias antes da exposição.

-Na exposição?

-Sim. Acho que talvez deveríamos ter deixado Gamze buscar meu pai, para que pudéssemos ficar em casa e...

-Olhando os quadros? - Ele brinca e eu o olho brava, mas isso só o faz sorrir mais. Ele segura minha mão com a mão livre e leva até os lábios, deixando um beijo suave nos meus dedos. - Linda, eu te conheço. Nós ficaríamos em casa apenas para você encontrar defeitos onde não tem e  lamentando até o dia da exposição. Você pintará outro?

-Não.

-Vai alterar alguma coisa em algum quadro?

-Não... - Eu respondo, já sabendo onde ele quer chegar.

-Então não tinha nenhum motivo para que ficássemos em casa. Tem pelo menos quatro meses que você não vem ver o seu pai e ele está animado para mostrar a propriedade à Ayla. Você não parou um segundo nas últimas semanas, merece esse descanso, ok?

Eu sorrio, me inclinando no painel e dando um beijo no canto da sua boca.

-Ok. - Eu falo e ele sorri.

Eu olho para trás, para o banco traseiro e observo Ayla dormir. Ela passou as primeiras horas da viagem vendo a neve cair e os carros no engarrafamento que enfrentamos por um longo tempo. Assim que tudo melhorou, ela perdeu o interesse e dormiu.

-Nós não deveríamos deixá-la dormir tanto assim. Mas sei que meu pai e ela vão aprontar muito quando chegarmos, então é bom ela descansar um pouco.

Kerem acha graça, a olhando pelo espelho retrovisor também.

- Ele vai amar que ela já esteja andando, acho que será uma surpresa e tanto para ele.

É a minha vez de observá-lo. Eu ainda me impressiono com a pessoa que ele se tornou.

-Sabe, eu acho que deveríamos fazer isso mais vezes.

-Isso o que? Visitar seu pai? - Ele pergunta, divertido.

Eu sorrio.

-Também, mas eu falo de viajar. Acho que Ayla já está com uma idade boa para isso ou para ficarmos alguns dias longe dela.

-Ela eu sei que conseguiria, mas e você? - Pergunta, desviando a atenção da estrada por um segundo para olhar para mim com um sorriso irônico.

-Com uma boa preparação emocional antes... - Respondo, dando de ombros e ele ri.

-Sei...

Eu cerro os olhos para ele.

-O que foi, Sr. Você está dando a mamadeira da cor errada? - Eu pergunto, séria. Ele me olha surpreso e eu dou um sorriso vitorioso. - É, ela me contou.

Kerem dá de ombros.

-Não tenho culpa se você contratou uma pessoa incompetente e que não sabia o que estava fazendo.

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