#48. K

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Sugestão de música: Marry me - Train

-☆-

Escuto a música antes mesmo de pensar em abrir os olhos. Sorrio pensando que, ao mesmo tempo que Hande é uma caixinha de surpresas, ela é muito previsível também. Santa Claus Is Coming to Town está tocando em todas as saídas de som da casa na maior altura e o cheiro de biscoito me obriga a sair da cama.

Sinceramente, parece que a fábrica do Papai Noel explodiu e ele montou uma base provisória na minha casa. Não tem um lugar que não esteja enfeitado ou que pelo menos remeta minimamente ao Natal.

Não que eu esteja reclamando, muito pelo contrário. Nunca comemorei o Natal, nem mesmo quando era criança. Me lembro de ver meus amigos do internato voltando do recesso de Natal com várias histórias e presentes novos, enquanto eu e Murat nem ao menos íamos para casa.

É engraçado pensar que, antes de Hande, eu não sentia falta de nada disso. Todas as datas comemorativas passavam em branco e não tinham significado algum. Bom, como sentir falta de algo que eu não sabia como era? Agora, estou animado para comemorar cada uma delas e feliz por saber que Ayla terá tudo que eu não tive.

Ainda descendo as escadas, vejo Nil 'correndo' e olhando para trás para acompanhar Ayla com os olhos, que tenta correr com as perninhas curtas e gordinhas gritando "epela, epela". Não sei qual das duas gostou mais do fato de Ayla ter começado a andar, mas não perderam tempo para aproveitarem.

Na cozinha, vejo Anil pegar um biscoito escondido enquanto Hande e Ipek tagarelam sem parar. Reviro os olhos e as palavras saem da minha boca antes que eu possa pensar melhor.

- Sério mesmo, pessoal? Nem no Natal vocês nos dão uma folga? - Hande nem se dá o trabalho de me repreender.

Já Ipek...

- Você ainda não entendeu que estarmos aqui não tem nada a ver com você? - Ela diz, sem cerimônia. - Por mim nós só o veríamos uma vez no ano e olhe lá.

Eu coloco as mãos no coração de forma dramática.

- Ah, esse seria meu presente de Natal perfeito.

Ela mostra o dedo do meio para mim e Hande solta uma risada esganiçada. Eu me aproximo dela e a abraço por trás.

- Esse cheiro está ótimo. - Dou um beijo no seu ombro e pego um pouco de massa de biscoito com a mão livre.

- Kerem! - Ela briga e eu dou de ombros. Hande aponta a colher de pau para mim. - Vou te banir da cozinha.

- Eu acabei de chegar! - Exclamo, fazendo-a sorrir e me dar um beijo rápido nos lábios.

Ela me entrega a colher suja de massa crua. Eu pisco e me sento na cadeira para comer.

- Agora é sério, o que vocês estão fazendo aqui tão cedo? - Pergunto olhando para Anil. Ele acaba de engolir o que quer que seja que estava comendo antes de me responder.

- Hande esqueceu algumas coisas que precisava na minha casa. Ipek interpretou isso como convite para passarem o dia juntas.

- Mas foi um convite. - Hande completa, distraída.

Eu o observo.

- E o que você está fazendo aqui às... nove da manhã?

Ele apenas dá de ombros e aponta o queixo para Ipek.

- Aonde a vaca vai, o boi vai atrás.

Nos gargalhamos, mas Ipek olha brava para Anil.

- Vaca é seu...

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora