#12. K

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Sinto um par de olhos em mim.

Quando levanto a cabeça, vejo que Anil me encara de forma estranha. Mas decido ignorá-lo.

Porém, não dura muito. Eu o olho de novo, mas ele desvia o olhar para a porta.

-Certo. – Eu digo, deixando o notebook de lado. – Qual é o problema?

-Nada, por quê? – Ele coça a nuca. Anil nunca foi bom em mentir.

-Você está me encarando. Isso é estranho.

-Não é nada. – Ele afirma, mas sem convicção e olha para a porta novamente.

-Quem você está esperando? – Eu pergunto, olhando para o mesmo lugar que ele.

-Ninguém. – Ele disfarça.

-Anil? – Eu insisto.

Ele olha para fora da sala e depois me encara preocupado.

-Não importa o que aconteça, só aceite. Não pergunte. Só aceite. – Ele diz muito rápido, que mal consigo acompanhar.

-Oi, meninos. – Ipek diz quando entra na sala.

Eu o encaro. Isso não pode ser uma coisa boa.

Anil se levanta da cadeira e vai até a esposa, dando-lhe um beijo na bochecha.

- Oi, querida. Não esperava você aqui. – Ele diz.

Ipek me olha, fazendo uma careta e eu sorrio. Ela dá a volta na minha mesa e eu me levanto para abraçá-la.

-Então, a que devemos a honra dessa visita? – Eu pergunto, me sentando novamente. Ipek se senta na cadeira ao lado de Anil.

-Ora, é preciso ter um motivo? Vim visitar as pessoas que eu gosto e ver como anda o dia delas.

-Hm. E elas não estavam? – Eu pergunto brincando e ela pega um papel embolado que estava na mesa e joga em mim.

-Você é uma péssima pessoa, Kerem Bursin. – Ela diz, tentando ficar brava comigo.

Dou de ombros. – Você me ama mesmo assim.

Ipek me observa por um momento e percebo o carinho em seu olhar. Me sinto estranho e olho para outro lugar. Ela percebe o meu desconforto e muda de assunto.

-Bom, eu vim aqui para te fazer um convite. – Ela diz, com um sorriso inocente.

-Convite para...?

-Quero que você, Hande e Ayla vão jantar conosco.

-O que? – Eu pergunto, surpreso.

-Amanhã. – Ela completa.

Eu olho para Anil, que parece muito interessado no meu peso de papel.

-Não posso. Tenho um compromisso. – Minto.

-Ah é? Que compromisso? – Ela pergunta, erguendo uma sobrancelha.

-Eu não preciso te dar satisfação. – Respondo.

-Precisa sim. Que compromisso você tem?

Anil faz um barulho estranho. O olho, pedindo ajuda, mas ele olha para todos os lados, menos para mim.

-Uma reunião importante de trabalho.

-Desmarque. – Ela diz simplesmente.

Eu a olho, pasmo.

-Você ficou maluca? Eu não posso... Anil! – Eu peço ajuda.

Meu amigo me olha, despreocupado. – Você sabe que ela não vai parar enquanto você não concordar. Só. Aceite. – Ele diz a última parte devagar. Então eu entendo o que ele quis dizer quando ela chegou.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora