#11. H

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-Como você está? – Ele pergunta.

-Bem, e vocês?

-Estamos bem. Ayla está dormindo.

Eu sorrio e me sento no degrau da varanda da casa do meu pai.

-Como ela tem passado?

-Nada de novo, algumas cólicas, acordando a noite... Você sabe como ela é.

Eu suspiro. Sim, eu sei. E eu sinto a falta dela a cada momento.

-Sim, eu sei bem. Mas não deve estar tão difícil, você tem ajuda.

Eu pergunto, já sabendo a resposta. Mantive contato com a babá pelo tempo que ela ficou na casa de Kerem, os três longos dias.

Eu pensei que ela conseguiria ficar pelo menos uma semana, mas quando ela me mandou mensagem dizendo que ele era um maluco e que só se fosse outro maluco para aguentá-lo, não pude deixar de me divertir.

Kerem suspira e consigo vê-lo esfregando os olhos com os dedos.

-Hã, tivemos um pequeno problema com a babá. – Ele diz.

-O que aconteceu? – Eu pergunto.

Ele fica em silêncio por alguns segundos. – Não funcionou. Ela não fazia as coisas como deveriam ser feitas. Mas, além disso, ela não era você. Nem Ayla colaborou dessa vez. Eu nunca a vi chorar tanto quanto chorou nos últimos dias. Nós precisamos de você de volta.

– Kerem, eu...

-Hande. – Ele me interrompe. – Só me escuta, ok?

-Ok. – Eu respondo.

-Eu sei que eu não sou a melhor companhia. E que, com certeza, eu não sou uma das suas pessoas preferidas. Mas será que os dois meses que você passou aqui foram tão ruins assim?

-Não, não foram.

Eu o escuto suspirar aliviado do outro lado da linha.

-Eu sei que você contratou uma babá temporária. Isso significa que você voltará certo? Eu sei que tem um milhão de dúvidas rondando sua mente agora, mas eu tenho uma proposta para te fazer.

Proposta? Que proposta?

-Sua irmã me contou sobre as pinturas. – Ele diz e eu me surpreendo. Por que Gamze foi dizer a ele? Kerem prossegue. – Eu sei que é seu sonho. E eu também sei o quanto você ama minha filha e que você não quer deixá-la. Que tal juntarmos o útil ao agradável?

-O que quer dizer? – Eu finalmente pergunto.

-Eu não quero uma babá, Hande. Eu quero que Ayla cresça com você, que ela aprenda a ser bondosa, que ela seja sensível e, Deus me ajude, fale tanto quanto você.

Eu sorrio.

-Você já imaginou como ela seria se crescesse só comigo de exemplo? – Ele brinca.

-Não sei se o mundo está preparado para uma versão feminina de Kerem Bürsin.

-Exatamente. – Ele diz, animado. – Eu nunca tive boas influências em minha vida. Eu não quero isso para minha filha. Você é a melhor pessoa que eu conheço. Não consigo pensar em ninguém melhor.

Eu sinto uma lágrima correr pelo meu rosto.

- E sua proposta é...?

-Eu vou te ajudar com o seu sonho. Aulas, professores, telas... Todas as merdas que você precisar.

Fico em choque. -Você ficou maluco? Sabe quanto tudo vai custar? Eu não tenho dinheiro para te pagar de volta!

-Eu não quero que você me pague de volta. Eu não estou te dando. Seremos sócios.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora