#49. H

1.4K 135 70
                                    

-Você está pronto? - Eu pergunto para Kerem da porta do seu escritório. 

Ele não tira os olhos do computador para me responder. 

- Você tem certeza que é realmente necessário? 

-Sim, já falamos sobre isso. 

-Mas precisa ser agora? 

-Kerem... 

-Hande... - Posso ver um sorriso discreto surgindo no seu rosto e sei que ele está brincando comigo, quer dizer, em partes. 

-Eu sei que você está adorando esse rabo de galinha na sua cabeça, mas está horrível! - Eu pego a tesoura do meu bolso e abro e fecho para fazer barulho. - Já passou da hora de cortar. Eu me recuso a deixar você passar o ano novo com esse cabelo.

Ele bufa e fecha o computador antes de se levantar e vir até mim. 

-Se eu ficar careca a culpa é sua. - Ele reclama, passando por mim e dando um tapinha de leve no meu nariz com o dedo. 

-Aposto que até careca você fica melhor que isso. - Falo baixo, mas ele escuta. Kerem me olha com os olhos semicerrados. - O que? É verdade. 

Ele não diz mais nada, apenas dá uma risada enquanto subimos as escadas de mãos dadas, conversando sobre cortes de cabelos até nosso banheiro. 

Como já está tudo no lugar, Kerem apenas se senta na cadeira perto da banheira. Eu molho um pouco seu cabelo e começo a pentear. 

-Isso é bom. - Ele diz, com os olhos fechados, depois de um tempo que ficamos em silêncio. 

Eu resmungo. - Imagino que seja. 

Ele coloca a mão em uma das minhas coxas e faz carinho de leve com o dedão. 

-É engraçado pensar que a menos de um ano atrás eu escondi a sua tesoura de você e agora você está com uma, perigosamente perto dos meus olhos. 

Eu gargalho. - Você escondeu a minha tesoura? 

-Claro que sim. - Ele abre os olhos rapidamente para olhar para mim e volta a fechá-los. Kerem se posiciona melhor na cadeira. - Foi uma vez que eu te pedi para procurar um contrato no arquivo morto da empresa. Você passou a tarde toda lá, no porão mal iluminado e cheio de poeira. Quando chegou, eu percebi que sem querer eu tinha te passado o nome errado. 

-Sem querer meu nariz. 

-Juro, Hande. Só percebi na hora que vi o nome no contrato e no post it com a minha letra. - Ele ri. - Você ficou tão puta comigo. Ficou me olhando por uns cinco minutos com um olhar mortal e depois sorriu e disse: "Claro Sr. Bürsin, eu procuro novamente para o senhor." - Kerem imita minha voz e eu rio. 

-Assim que você saiu da minha sala, eu fui até sua mesa e tirei tudo de pontiagudo que encontrei. Jurava que você me mataria a qualquer instante. 

-Não foi por falta de vontade. 

-Agradeço por não ter gasto seu réu primário comigo. - Ele brinca. 

-Eu fiquei com alergia por uma semana, de tanta poeira que tinha naquele lugar. 

-Sinto muito. 

-E você não me deu folga. 

-Eu sei, sinto muito linda. - Ele vira o rosto para beijar meu braço. Eu dou de ombros. 

-Tudo bem, nós acabamos ficando quites. 

Ele acha engraçado, até pensar melhor no que eu falei. 

-Como assim? Ficamos quites? 

-Por nada. 

-Hande... O que você fez? 

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora