Pisco os olhos diante da claridade que entra pela janela.
Sinto uma dor nas costas. Quando vejo minha posição entendo o porquê. Estou toda torta no sofá. Aos poucos vou me recordando da noite anterior.
Kerem demorou 7 horas para voltar para sua casa e para sua filha pois estava trabalhando. Por mais que tenha ficado muito brava, eu entendo o ponto dele. Ele nunca teve alguém para realmente cuidar e amar. E ninguém para cuidar dele também.
Eu me sinto mal por ele.
Quando era mais nova, minha mãe estava sempre doente e meus pais viviam entrando e saindo de hospitais. Mas, sempre que podiam estavam presentes, em aniversários, formaturas... e ainda tinha Gamze e logo depois Aslan.
Não posso nem imaginar o quão solitário ele é.
Olho para o lado e o vejo meio deitado, meio sentado com o pescoço caído, com a Ayla no colo. Sorrio para a cena. Ele fez um grande avanço ontem, que eu não esperava.
Depois de descobrir que ele havia comprado as fraldas, eu troquei Ayla e então fizemos pipoca e ficamos assistindo Peaky Blinders até pegar no sono. Os três pelo que pude ver.
Ayla já está acordada. Com os olhos atentos, mas sem chorar.
Eu a pego com cuidado do colo do pai e vou em direção à cozinha. Faço sua mamadeira enquanto começo a preparar o café.
Alguns minutos mais tarde, Kerem aparece correndo na cozinha, descabelado. Quando vê Ayla na cadeirinha, ele solta um suspiro colocando a mão no coração.
-Bom dia. – Eu digo alegremente, achando graça do seu desespero.
Ele se recupera, e vem até a bancada da cozinha e se senta, como se nada tivesse o afetado alguns segundos antes.
-Bom dia. – Ele diz emburrado. Eu ainda me surpreendo com essa versão educada. -Você conseguiu terminar de assistir o episódio?
-Não! Acho que dormi na metade!
Ele toma um gole de café e começamos a conversar sobre a série de ontem. O que achamos de cada personagem, dos episódios... Depois começamos a falar das séries que gostamos e dos filmes que já assistimos.
-Então. – Eu digo tensa. Hora de encarar o elefante na sala. – Sobre ontem...
Ele me olha, franzindo a sobrancelha, esperando que eu continue.
-O que você falou. Sobre... hm... sobre eu ficar?
-Sim, e ai? – Ele pergunta tranquilamente.
-Pode desenvolver?
-Pensei que estivesse sido bem claro ontem. Você não pode ir embora. Não agora. Eu não sei nada sobre bebê e do nada eu tenho que cuidar de um. Preciso de ajuda.
Eu paro. Pisco. Abro a boca. Fecho. Pisco de novo.
-Eu não posso morar aqui! – Eu digo, finalmente.
-Por que não? – Ele diz, como se fosse simples.
-Ora, por que eu tenho uma vida? Tenho uma casa, uma família... Não posso largar tudo só para te ajudar e...
Olho para a bebê. Isso seria uma opção? É muita loucura até para mim. Mas só de pensar em ir embora e deixá-la aqui... meu coração se parte.
-Posso ver que você está com um dilema.
Eu o fuzilo com o olhar, e ganho mais um sorriso inteiro. Não tão parecido como o de ontem, quando me contou sobre as fraldas, mas foi um sorriso inteiro.
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Someone to you
FanfictionKerem Bürsin é um dos maiores empresários da Turquia. Completamente viciado em trabalho, que não aceita erros ou brincadeiras que possam interferir em seu desenvolvimento profissional. Hande Erçel é totalmente o oposto, mas, por ordem do destino, se...