#3. H

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Reencontro.

É exatamente isso o que está acontecendo.

Eu nunca fui de acreditar muito em destino. Para mim, temos o que merecemos, nem mais nem menos. Nunca pensei que tudo o que eu fizesse era porque estava escrito em algum lugar e eu só estaria traçando um caminho que alguém já havia decidido para mim.

Mas, olhando para esses olhinhos verdes, cheios de lágrimas, e os olhinhos olhando de volta para mim. Não consigo pensar em outra explicação.

Eu não consigo tirar meus olhos dela. Meu coração bate em meu peito desenfreadamente e eu sinto lágrimas rolando pelo meu rosto.

E, quando ela aperta meu dedo com toda a sua mãozinha, sinto como se minhas preces tivessem sido atendidas. Como se fosse uma resposta a uma pergunta que eu havia me feito por muito tempo.

A certeza que eu precisava.

A certeza de que tudo que eu fiz em minha vida, cada decisão que eu tomei, cada passo que eu dei até hoje, era somente para que eu chegasse a esse momento. A ela.

Como se, finalmente, depois de tanto buscar, eu a reencontrei.

Todas essas sensações chegam de uma vez. Eu preciso me sentar.

Quando percebo, Kerem, que eu não me lembrava mais, está me ajudando a sentar em uma cadeira da cozinha.

-Hm. - Ele diz sem graça. – Tudo bem?

Eu balanço a cabeça. Não sei se afirmei ou neguei. Ele limpa a garganta.

-Você quer uma água?

Eu afirmo com a cabeça, e ele sai de perto.

A bebê ainda segura o meu dedo firmemente e eu me dou conta de que eu nem sei seu nome. Como posso me sentir assim? O que está acontecendo comigo?

Kerem volta da cozinha e, pela primeira vez, desde que a peguei no colo, eu o olho. Ele vê que ela ainda segura meu dedo e coloca o copo em cima da mesa.

-Hm. Então... Bom... – Ele está perdido. Será que foi algo tão grande que até ele conseguiu sentir?

-Qual é o nome dela? – Eu pergunto e ele parece aliviado por não precisar tocar no assunto.

-Ayla.

-É um nome bonito.

-Sim. Mas foi a mãe dela que escolheu. – Ele diz, mas não consigo detectar o que há de errado com o seu tom.

-Onde ela está? – Pergunto. – A mãe.

Ele suspira e vai até o balcão e pega um papel.

-Aparentemente ela tem prioridades maiores que a própria filha.

Kerem coloca a carta na minha frente para que eu possa ler.

-Ela simplesmente a deixou aqui? Sem falar nada com você?

-Sim. E sinceramente eu não sei se ela tivesse ficado teria sido melhor. - Ele se senta e passa a mão no rosto. Está exausto. – Ela simplesmente abandonou a filha comigo, que tipo de pessoa faz isso?

-Sua filha. – Eu o corrijo.

-Sim. – Ele diz com pesar pelo ato falho. – Minha filha.

-Você se lembra dela? – Eu pergunto, não é o mais importante agora, mas não sei o que falar.

-O que?

-Ela disse na carta que talvez você não se lembraria dela. Você se lembra?

-Porra, que tipo de imagem você tem de mim? – Ele pergunta e sorri um pouco.

Someone to youOnde histórias criam vida. Descubra agora