CAPÍTULO 2

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ORFANATO SANTA LÚCIA, 2005

— eu prometo que volto minha pequenina. — o garoto promete a menina, que soluça segurando ele pela blusa.

— você... prometeu Didi... — o garoto sorriu com o rosto banhado em lágrimas, e aninhou a garota em seus braços.

— senhor George, posso ficar um pouco mais com a Mel? — questionou tímido ao senhor, que com um sorriso confirmou.

O garoto franzino sobe as escadas em direção aos vários quartos no corredor até chegar ao da menina, ele deita e aninha a ruivinha nos seus braços.

— Mel, sabe esse anel que você gosta? — o menino pega a pequena aliança que fora da sua mãe. — você sabe que nunca me separo dela, não é? — a garota afirma, ainda em soluços. — vou deixá-la com você, então saberá que voltarei para buscá-la.

O menino tira a pequena gargantilha que a menina trazia, e coloca o anel por ela, devolvendo para o pescoço delicado da garota.

— obrigado Didi. — a menina murmura, tocando com carinho o pequeno arco. —vou devolvê-lo quando você voltar. — promete dando um beijo na bochecha do mais velho.

— assim espero viu, prometo que voltarei. — garante dando um beijo na testa da pequena ruiva. — amo você.

— também amo você Didi, você e meu príncipe. — a menina da um enorme sorriso rodeando o pescoço do garoto com seus braços gorduchos.

— é você e minha princesa, e quando vier resgata-la, casaremos e seremos felizes para sempre.

Os dois se despedem ali, o menino sai com a certeza que voltará para rever sua moranguinho, e a menina com a certeza que o seu príncipe vira a resgatar.

...

RAFAEL SAVÓIA, DIAS ATUAIS.

Levanto da cama atordoado com mais um sonho, não sei o que significa, mas a cada dia eles vêm mais frequentes, me deixando atordoado.

Após fazer minha higiene pessoal, desço para o café da manhã, e me sento a mesa repleta de alimentos frescos e gostosos, e começo a me servir.

— oi mano! — meu irmão diz empolgado, sentando junto a mesa.

— você esta estranho essa semana, nem reclamando por ter que ficar na Samantha. — comento intrigado, e ele revira os olhos desinteressado. — não vira os olhos para mim moleque. 

— desculpa. — começa a tomar seu café. — mamãe não ligou? — neguei, e ele assente tristonho.

— Gustavo, porque eu acho que está me escondendo algo? — insisto o encarando.

Não sou um irmão controlador, longe disso, todavia, meu irmão está misterioso a uma semana, chega com a roupa suja de tinta com um sorriso no rosto.

— não estou escondendo nada Rafa, apenas estou feliz. Não posso? — dá de ombros. — não vou passar a vida como você, se escondendo das pessoas, parecendo que tem medo de tudo e todos. Quando foi a última vez que teve contato com alguém que não fosse eu ou a dona Maria, nem a "tia" Samantha você deixa se aproxima.

— você não sabe o que esta falando Gustavo, tenho os meus motivos para ser assim. — respondo irritado. — não se meta na minha vida, você e minha responsabilidade, mas não sou a sua. — assevero, e meu irmão sai correndo da sala de jantar.

Passo minhas mãos no rosto sem saber o que fazer, como vou dizer o porque de ter pânico de aproximações, se nem eu mesmo sei?

Saio da mesa e caminho para fora do grande casa, e vejo meu irmão sentado dentro da camionete com os olhos vermelhos. Não gosto de brigar com ele, mas não posso aceitar que ele me julgue, daquela forma.

DOCE MEL |+18|Onde histórias criam vida. Descubra agora