CAPÍTULO 5

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FAZENDA SAVÓIA, 2009

O rapaz olhava para o horizonte e um sorriso brotou em seus lábios, quando o céu se pintou de vermelho alaranjado ao por do sol. Aquela cor, a cor dos cabelos da sua pequena princesinha. Seu coração acelerou no peito. Como poderia, ela ser tão dona dele daquela forma?!

— Rafael, sua mãe quer falar conosco. — senhor George chamou a atenção do rapaz, que se levantou prontamente.

— é sobre a adoção da Mel? — questionou com voz contida, mas cheia de entusiasmo.

— não, mas segundo a Leila, é uma notícia tão boa quanto. — sem querer demonstra decepção, sorriu para o mais velho enquanto caminhavam para dentro da grande casa de fazenda.

Os dois sentaram no sofá rústico e a mulher loira e elegante sorriu acolhedora para o marido e o filho adotivo, antes de começar a falar de forma nervosa.

— eu sei que aos 46 anos, não era de se esperar isso, mas fui a uma consulta de rotina, e descobri que estou grávida. — os dois homens olham para a mulher em espanto. —  não façam essa cara, nem a médica soube explicar, mas estou com oito semanas de gravidez e o feto está saudável, e só terei que ser cuidadosa. — a mulher comenta empolgada.

— vocês terão um filho? — o rapaz questionou com a voz trêmula.

— sim! Não é uma notícia maravilhosa Rafa? — a felicidade incontestável do casal, fez o rapaz se encolher no sofá.

Rafael sabia que havia sido adotado apenas por que o casal não tinha filhos legítimos, então agora que teriam um do mesmo sangue, provavelmente o dispensariam. Em silêncio o rapaz saiu da sala e caminhou entre lágrimas até às baias.

— olá pérola. — cumprimentou a égua, que logo veio ganhar um afago. — vamos dá uma volta querida?

O rapaz preparou o animal e saiu em direção a algumas cachoeiras, que haviam ao longo da fazenda. Seu peito ardia em frangalhos, sentia que já podia esquecer a opção de que adotariam Melissa, como haviam prometido.

Mergulhou mais uma vez no lago aos pés da cachoeira, e foi o mais fundo possível, tentando aliviar sua mente e seu coração. Repetiu o ato várias e seguidas vezes, até perde o fôlego.

MELISSA, DIAS ATUAIS...

Olho para o Rafael e sinto meu coração acelerado no peito. Não entendo porque ele age como se não me conhecesse, não é como se depois de adulta, tivesse ficado tão irreconhecível.

— esse filme é tão bom, que apesar de tê-lo assistido inúmeras vezes, mesmo assim, ainda acho divertido. — comento, enquanto assistimos "um espião e meio".

— sim, é ótimo. — Gustavo resmunga com a boca cheia de pipoca.

Estamos os três deitados no tapete da sala, em meio a algumas almofadas. Após termos comido o bolo, fomos assistir o filme, e estou amando tê-los na minha casa, mesmo que o Rafael diga apenas poucas palavras.

— Mel, porque veio para essa cidade? — Rafael pergunta tímido.

— nada me prendia onde estava, e a senhora Lurdes me arrumou esse emprego, e me deu está casa. — resumo e o encaro.

— e sua família? — insisti curioso.

— não sei ao certo, apenas fui deixada nós portões do orfanato, com um papel dizendo meu nome. Tinha dois ou três anos. — assumo, e espero que ele recorde de algo.

— sinto muito por seus pais, deve ter sido difícil para você viver assim, não sei o que faria se precisasse crescer sem os meus.

Olho para ele tentando entender, mas mesmo assim não fazendo o mínimo sentido essa situação. Converso com ele, e é inevitável que não fique o mais próximo possível, e aproveite ao máximo o toque dele na minha mão.

DOCE MEL |+18|Onde histórias criam vida. Descubra agora