CAPÍTULO 25

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MELISSA;

Eu tento respirar, e parece que tudo está uma confusão dentro de mim. Minha avó, Sandra, é minha avó. E sua história, é tão triste e desafiadora, que não desejei fazer outra coisa além de abraca-la. Eu sei que deveria me sentir egoísta, porque foi por estar nos procurando, que se distanciou dos meninos, porém, para quem sempre achou que havia sido abandonada na rua, saber que tive pessoas que se importava, é algo que transcende qualquer sentimento antes sentindo.

— eu não sou a melhor mulher do mundo. Fui talhada a ser uma pessoa com medo de demonstrar meus sentimentos, porque somos sempre atingidos onde mais é doloroso. — sua voz é suave, e me aquieto, escutando. — não pense que não amo meus meninos. Eu os amo, amo muito. Quando soube o que meu Rafael passou, fiquei desesperada, e desejei tirar toda a sua dor. Eu... Eu sei o desespero que é. Eu passei dezessete anos, sendo abusada todos os dias, tanto físico quanto emocional... Não quero que sinta pena de mim, eu... Posso dizer que hoje estou bem, mas foi após muito amor do William, e dos meus filhos. Eu só quero que entenda, o porquê escondi a verdade dele. Doía a alma imaginar seu sofrimento, porque eu tenho minhas próprias lembranças, e se podesse apagar, eu apagaria. — me distancio, e seus olhos estão fechados, como se falar doesse horrores.

— eu contei tudo a ele. — assumo, e baixo o meu olhar, porque havia pensado tantas coisas sobre o motivo de não querer contar ao Rafa. — ele está bem. Não lembra do acontecido, creio que seu instinto está protegendo dessas lembranças... Difíceis. Eu amo o Rafael. Amo aquele homem com toda a intensidade do meu coração, e agora não sei qual a sua opinião sobre meu relacionamento com ele, mas quero deixar claro, que... Que mesmo muitas coisas tendo sido esclarecida, meus sentimentos por ele continuam tão intensos quanto antes, e não aceito que venha intervir nisso. — falo tudo, querendo deixar toda a situação esclarecida.

— tudo bem, querida. — ela sorri, e e me vejo encarando seu ato, porque nunca havia visto sua expressão tão sincera. — eu... Eu sinto muito pelo que fiz, quando vim da outra vez. Tenho tanto medo que ele sofra, que... Não consegui aceitar.

— porque saiu daquela forma?! — ela baixa o rosto envergonhada, e tento relevar, e esperar sua resposta.

— eu... Tive tanto medo de como ele reagiria, e também... O detetive havia encontrado uma mulher, e... Me ligou avisando, então fui procurá-la. — contou devagar, e levantou o olhar novamente. — era uma interesseira. Encontrei muitas do tipo, nas minhas buscas, e sempre que via, sabia que não era certo, e imaginava, que quando viesse a ver minha filha, ou meu neto, ou neta, reconheceria no mesmo instante. A ironia me deu um tapa na cara. — sorriu inquieta.

Tenho tantas coisas para perguntar, e ao mesmo tempo não sei por onde começar. O dia já está claro, e tenho que ir trabalhar, não pretendia demorar tanto, mas essa não é a questão, enquanto sou banhada com tantas novidades.

— tenho que ir trabalhar, mas... Tenho muitas coisas para conversar ainda. — levanto, e dou um suspiro olhando a mulher tão mais alta.

— estarei aqui quando retornar. — sorri, e tento não pensar na ansiedade que se instala no meu estômago, porque mesmo com sua promessa, tenho medo que não esteja. — juro que já tenho tudo que preciso aqui, e estarei. Para você, para vocês. Doeu muito, quando meus filhos não voltaram ontem a noite, e... Eu senti que era porque estavam magoados.

— tudo bem. Viremos meio dia. — aviso me distanciando. — tenha um bom dia... Eu não vou falar nada a eles, mas não quero que essa história fique escondida, então hoje mesmo quero que eles saibam. O Gustavo... Céus! Ele é meu tio. — um sorriso rasga meu rosto, e lágrimas bobas brincam na minha face. — isso me dá até uma ansiedade no estômago.

DOCE MEL |+18|Onde histórias criam vida. Descubra agora