Art pediu desculpas e se levantou, dando um até logo para Nathalie e eu:
- Espero vê-las em breve.
- Assim que eu liberar essa mocinha, aqui.Respondeu a Nathalie.
Art deu um sorriso e caminhou em direção a um grupo de familiares que pareciam apenas carcaças vazias, sem saber o que dizer da morte de alguém tão jovem.
Nathalie me olhou com um leve sorriso de quem quer amenizar a notícia de que eu deveria voltar ao hospital:- Tina...
- Eu sei. Vamos embora.
- Você vai se...
- À francesa. Por favor! Não sei se vou conseguir falar com os pais dela...de novo.
- Tá bom.Ela estendeu a mão para me ajudar a levantar e segurou meu braço com força e delicadeza ao mesmo tempo e seguimos andando em direção à saída. Fomos até o carro e antes que pudéssemos entrar nele, ouvi alguém me chamar:
- Tina?
Virei para olhar com o coração batendo muito forte.
- Oi?
Do outro lado estava uma moça muito bonita, de uns 1,65 de altura, cabelos castanhos avermelhados longos e ondulados, olhos tão pretos quanto à noite e algumas poucas sardas no rosto. Alguns traços me lembravam a Rachel. Ela sorriu timidamente e em uma voz suave respondeu:
- Você está fugindo?
- Desculpe!
- Não, tudo bem. Ás vezes eu também quero fugir deles.
- Não é isso, é que eu...Nathalie interferiu:
- Ela precisa voltar pro hospital. (deu um sorriso breve) Nós fugimos do hospital e se nos pegarem estaremos em apuros.
Sem desviar os olhos de mim a moça continuou:
- Eu sou a Megara, melhor amiga da Rach. (ela balançou desajeitadamente a cabeça em negativa e com as mãos no cabelo e um sorriso envergonhado) Desculpe, não me apresentei!
- Tudo bem. (cerrei meus olhos como quem procura algo) Eu sou a Tina. Mas você já sabe.
- Sim. Eu sei. A Rach não parava de falar de você. Às vezes sinto como se eu te conhecesse há anos. (ela sorriu novamente, com covinhas aparecendo e os olhos como se fossem fechar com o sorriso).Nathalie novamente nos interrompeu:
- Desculpe, Megara! Mas preciso levar essa mocinha de volta ao hospital.
- Sim. Claro. Olha, aqui está meu telefone, se você precisar de algo.Ela estendeu um cartão para mim que continha seu número. E eu precisei comentar:
- Um cartão, uau! Nos tempos dos celulares, um cartão é algo diferente.
- Eu acho que dá um charme.
- Claro. (Peguei o cartão de sua mão) Obrigada! Foi um prazer te conhecer!
- Nos vemos logo. Tchau, doutora!Ela se virou e voltou para a casa onde o velório acontecia. A Nathalie me olhou com ar de ciúmes. Parecia incomodada. Eu sorri.
- Vamos, Tina!
- Vamos.Fomos até o carro, a Nathalie abriu a porta e me ajudou a entrar. Ela deu a volta, abriu a porta do motorista, sentou-se no banco, colocou a chave e deu a partida.
- Nath, o cinto.
- Hã?
- Coloca o cinto.
- Ah sim!Ela colocou o cinto, parecia um pouco pensativa. Fomos durante boa parte do caminho em silêncio, apenas com os barulhos da estrada como trilha sonora. Respirei fundo e arrisquei perguntar:
- Tá tudo bem, Nath?
Ela pareceu ter acordado de um transe:
- Hã? Sim. Sim. Por que?
- Não sei, você parece um pouco...pensativa talvez?
- Ahhh! Não. Tudo bem. Só cansada.
- Hmmm...Novo silêncio por 2 minutos e cutuquei a bochecha perto do olho dela:
- E essa ruguinha de preocupação aqui?
Ela deu um leve tapa na minha mão e com a voz um pouco mais alta, mas com um toque de humor:
- Sai! Tô dirigindo, sua maluca.
- Você é boa motorista. E além do mais, não tem onde bater nessa estrada. Olha pra isso, tudo vazio.
- Tá. Você tá certa. Mas, ainda assim. Sai ou eu te mordo.
- Uiiiii...mostrou o lado selvagem.
- Grrrrrrr...Rauuuuurrrrrrr...
- Tá bom. Não encosto mais.Ela deu uma risada. E aquela nuvem carregada que parecia estar em cima da cabeça dela pareceu sumir por alguns instantes.
- Olha ele aí.
- Quem?
- Esse sorriso. Gosto dele. Então para de esconder ele.Ela ficou vermelha de vergonha.
- Estamos chegando já.
- Já? Ahhhh não! Não aguento mais. (Disse em tom reclamão e de criança mimada)
- Já sim. Assim que chegarmos, vamos precisar fazer alguns exames só pra ver como foi essa saída.Respirei fundo e precisei aceitar que voltei à minha realidade de paciente.
- Tá bom.
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Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.
Historia CortaBom, não sou o tipo de menina padrão que se encontra por aí. Talvez, até mesmo pra minha idade, eu seja bem diferente das demais. Começa pelo fato de que gosto de seduzir pessoas e faço isso muito bem. Carioca, vinte anos de praia, alta (1,73m), al...