Acordada.

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Eu permaneci com o rosto no colo da Natalie por alguns minutos, até me acalmar. Após respirar fundo ela disse:

- Tina, precisamos ligar para seu irmão e dizer que você acordou.
- Meu irmão esteve aqui?
- Sim. Eu liguei pra ele após o acidente, quando você deu entrada no hospital.
- Ele estava nervoso? Meu irmão costuma ficar muito agitado quando acontecem essas coisas.
- Não, ele estava preocupado com você.

Ficamos em silêncio por alguns segundos e ela falou:

- Vou ligar pra ele agora.

E fez menção de que iria levantar. Segurei em seu braço da forma que pude:

- Por favor! (respirei fundo) Liga para o Breno primeiro, é o namorado dele e vai saber falar com ele de uma forma mais...calma.

Ela sorriu gentilmente e respondeu:

- Tudo bem! Vou buscar nos nossos números o telefone do Breno.
- Não precisa. Eu tenho o número no meu...

Parei por um segundo e lembrei que não tinha mais celular. Eu não tinha mais roupas, mala, documentos, nada. Recobrei a minha atenção e completei a frase:

- Desculpe! Esqueci que não tenho meu celular comigo.

Natalie percebeu minha reação e rapidamente disse:

- Não se preocupa, alguns de seus pertences foram recuperados e estão na minha sala, vou trazer assim que possível.
- Está bem! Mas pode procurar o número se meu celular estiver entre eles, não tem senha. Afinal, eu estava...você sabe.
- Sim. Aliás, sobre isso, temos de fazer alguns exames para verificar como está essa volta de visão. Vou pedir que a enfermeira os agende, está bem?
- Tudo bem, não vou ter como fugir mesmo.
- Tina, nós já prevíamos que você voltaria a enxergar e de toda essa tragédia, ao menos você conseguiu retomar a visão, fico feliz por isso.
- Obrigada!
- Por hora, tenta descansar, você passou por muitas coisas, vai precisar ter força pra se recuperar.
- Vou tentar.

Eu soltei seu braço aos poucos, que era a única ligação que eu tinha com qualquer parte da minha antiga vida naquele momento. Ela tirou um bombom do bolso e com um sorriso disse:

- Não conta pra sua médica, mas acho que você deve comemorar ter acordado.

Colocou o bombom na minha mão e saiu por aquela porta de madeira que separava todo o mundo real que não havia parado enquanto eu dormia.

Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora