Anoitecer Antes do Tempo.

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Dia seguinte quando abri os olhos fiz questão de olhar bem pra ter certeza de que não era sonho. Mas foi só vê-la ali que meu sorriso abriu e fiquei alguns minutos a vendo dormir, até que escutei:

- Estou tão assustadora assim?
- Não! Você tá linda! Melhor ainda sabendo que dormimos juntinhas.
- Rapariga, tu és muito boba mesmo.
- ...
- Mas sou louca por ti, fazer o que? Não dá pra escolher de quem a gente vai gostar.

Mordi-a e fiquei dando beijinhos, ela levantou rindo e me tacando travesseiros, revidei, enrolei ela com o lençol, ríamos, até que ouvimos passos. Eu corri pra baixo da cama assustada, enquanto ela ria. Bateram na porta, era Dona Joanna:

- Minha filha, já está acordada? Fernanda? Hora de acordar, rapariga! Vamos! Deixa de preguiça!
- Já vou mama!
- Todos já estão na mesa pro café! Só falta você e Tina.
- Tá, mama. Eu já desço.

Eu sussurrei:

- Fernanda...
- Oi?
- Sua mãe sabe que tô aqui?
- Não sei! Não perguntei. Quer que pergunte?
- Tá doida?
- Eu não. Por que?
- Bom, melhor tomar banho e descer pro café, né?
- É!
- Vai você primeiro.
- Por que eu?
- Porque se eu sair primeiro e alguém vir vai ser estranho.
Ela deu uma gargalhada e falou:
- Seria interessante!
- Deixa de ser boba. Vai!
- Está bem, eu vou! Mas antes me dá um beijo.

Ela fez biquinho e eu agarrei-a pela cintura e puxando-a para junto do meu corpo com força e dei um beijo daqueles de tirar o fôlego. Quando estávamos começando a nos envolver com o beijo, ela me empurrou e disse:

- Estou a ir, vê se não te demora.

E saiu.
Eu fiquei ali com cara de idiota vendo a porta fechar e imaginando o que ela quis dizer com "não demora". Parecia que surgiam aqueles diabinho e anjinho, um de cada lado, intrigando-me:

- Ela quer que você vá atrás dela e entre no banheiro pra tomarem banho juntas.
- Não! Ela quis dizer pra não demorar a ir pro quarto pegar as coisas e ninguém perceber nada.
- Deixa de ser idiota! Ela quer que vá tomar banho com ela.
- Não deixe este ser corruptor te levar ao mau caminho! Ela só disse pra sair rápido e ir pro quarto pegar as coisas e ir pro SEU banho.
- Mas que anta! Vá pelo caminho santo e perca essa chance.
- Vá pelo caminho da perversidade e leve tapas e gritos.

-CHEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! OK! Eu vou pegar as coisas no quarto, o melhor a fazer é sair antes que Dona Joanna entre aqui pra arrumar qualquer coisa. Fui!

Saí do quarto, pé ante pé, vendo se ninguém estava por ali. Entrei no "meu" quarto, foi eu entrar e pegar as roupas que Sr. Marco entrou:

- Bom dia!
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
- Calma, rapariga! Sou eu. A porta estava aberta e entrei para lhe chamar. Todos estão esperando.
- Ah Sr. Marco, desculpa! Levei um susto. Eu já vou descer! Vou só tomar uma chuveirada tá?

Fui pro banho, me arrumei e desci para o café, ainda mancando. Assim que cheguei na sala dei de cara com a Violeta, sentada à mesa. Fernanda estava do lado de seu pai, como sempre, e Violeta na frente dela, perto de Dona Joanna. Disfarcei e sentei na outra ponta da mesa. Fernanda me olhou espantada com a minha reação. Violeta puxou assunto comigo:

- Bom dia!
- Bom dia!
- Tudo bem?
- Tudo!
- E o pé? Melhorou?
- Ainda dói, mas logo melhora. Vaso ruim não quebra! Não é o que dizem?
- É, mas o Dr. pediu pra tomar-lhe conta, então nem pense em fazer estripulias, viste?

A Vic, entáo, intrometeu-se:

- Pode deixar, Violeta, Eu tomo conta dela.
- Então tá!

Ficou um certo silêncio e sorrisos. Dona Joanna puxou assunto, todos tomaram café e amaram a Violeta. Acho que eu era a única desconfortável ali, fiz questão de terminar rapidamente o café, pedi licença e saí da mesa, inventei que ía arrumar as coisas pro aniversário da Dona Maria José. Mas a Vic percebeu que tinha algo errado e foi atrás de mim.
Estava no quarto arrumando as coisas, quando a Vic entrou:

- O que você tá fazendo aí?
- Arrumando as coisas.
- Sei.
- Que bom!
- É ela, não é?
- Que que tem?
- Você tá assim porque a Violeta tá aí, do lado da Fernanda.
- E?
- E que você acha que a Fernanda vai te largar pra ficar com ela.
- Ela é o grande amor da vida da Fernanda. E eu? O que eu sou? Me diz Vic! Não vou ficar aqui esperando pra levar um fora, ou, confundindo a cabeça da Fernanda. Deixa ela ser feliz, porra!
- Feliz? Você nem sabe se ela ainda ama essa mulher. Nem sabe se ela quer ficar com a Violeta.
- Ela largou tudo, morou com ela. Pelo "amordi"! O que eu posso fazer quanto a isso?

Foi quando Fernanda entrou no quarto e disse:

- Você pode parar de falar besteira e ficar comigo.
- ...
- Vic, você pode nos dar licença?

A Vic respondeu:

- Claro!

A Vic saiu do quarto e Fernanda fechou a porta, aproximou-se olhando nos meus olhos e falou:

- Não me importa que a Violeta tenha voltado!
- Mas el...
- Shhhhhhh! Ela voltou tarde demais! Eu estou apaixonada por outra pessoa.

Ela se aproximou mais, ainda fitando-me os olhos e me beijou, calma e firme, como se tivesse certeza do que queria. Eu fiquei perdida. Ela continuou me beijando e eu estática, fria, como se nada pudesse passar por mim naquele momento, em que na verdade tudo passava por mim.
Mas afinal, o que é o amor, droga? Para pra pensar, até agora já teve a Pri, a Carla, a Doroty, a Rachel, a Vic, a Fernanda, ainda teve a médica. Quem mais vai aparecer nessa droga de vida? Isso nunca vai parar? Chega de romances, dessa baboseira de amor! Que droga! Tá tudo tão confuso agora! Vontade de berrar, correr, pular no mar e nadar até não poder mais.
Nesse momento vi tudo escurecer e:


Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora