A Escuridão.

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- Tina? Tina! Tina! Alguém ajuda! Tina!

De repente uma correria, Vic entra correndo no quarto:

- O que houve?
- Não sei, ela desmaiou. Ajuda!
- Tina! Acorda Tina! Pelo amor, Tina, vamos, acorda!
- Por que ela não acorda?

Todos subiram correndo, acho que ficou na minha memória quase totalmente inconsciente os passos, gritos, barulhos, algumas vozes no fundo, parecia que chamavam um nome.
Eles foram comigo para o hospital mais perto, eu tentava abrir os olhos, tudo parecia preto, não via nada e depois algumas luzes brancas, barulhos, alguém berrando de dor, palavras estranhas de desespero.
Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas eu acordei num quarto estranho com cheiro de hospital, do lado direito aquele pi pi pi chato de máquina de hospital, meu braço furado com soro que eu tive sorte de não sentir colocarem, tenho pavor de agulha. Algumas vozes estranhas, mas uma eu reconhecia.

- Tina?
- Hã?
- Oi! Ai! Que bom que você acordou! Como está se sentindo?
- Sabe aqueles tratores enormes, fortes, lindões?
- Sim!
- Como se um daqueles tivesse passado por cima de mim.

Ela sorriu:

- Nem aqui você fica séria. né?
- Séria? Eu sou uma mulher séria! Olha pra minha cara, eu não tenho cara de séria?
- Tem sim.
- Então o que você vê? Eu sou uma mulher séria!
- Tina, por que não abre o olho?
- Porque eu ainda tô dormindo. Não tô?
- Não?!?!
- Droga!
- O que foi?

Eu abri os olhos:

- Cadê você?
- Eu tô aqui!
- Aqui aonde?
- Tina, eu tô aqui!
- Ah claro! Se eu enxergasse eu saberia onde é o seu AQUI.
- Como assim se eu enxergasse? Tina, olha pra mim!
- Não consigo! Eu não consigo enxergar nada!
- ...
- Puta merda! Que inferno! Tem mais alguma coisa pra acontecer?
- Calma! Eu vou chamar o médico.
- Chama esse cara, eu quero saber o que ele fez com os meus olhos! Droga!

Ela correu para chamar alguém:

- Enfermeira! Doutor! Rápido!
- O que está acontecendo aqui?
- Rápido, chama o Doutor Octaviano.
- Mas...
- Vai. Rápido!

O médico não demorou muito:

- Pois não?
- Doutor, ajuda, por favor.
- O que houve?
- Ela não tá enxergando!
- Como ela não está enxergando?
- Não tá enxergando, ela abre o olho e não me vê! Por favor, ajuda!
- Vamos ver o que está a passar.

Pude sentir ele passar as mãos no meu rosto, abrir os meus olhos, mas não via nada, era uma escuridão total:

- Alguma coisa?
- Não!
- E agora?
- Não!
- Dói aqui?
- Não!
- Consegue ver a luz?
- Porra, não!
- Vamos ter que fazer alguns exames, vou mandar a enfermeira coletar o sangue.

Ele saiu. Escutava um burburinho, eles falavam entre si e eu ali, tentava ver o que quer que fosse e nada.
Ficamos o dia inteiro fazendo exames, abriam, mexiam, tocavam, perguntavam, todos já desesperados, mandaram-me para o quarto. O pessoal tentava me animar, Vic ficou no quarto comigo o tempo todo, mas tudo parecia em vão. Pedi pra ficar sozinha.

Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora