Saí de lá aos tropeços, porém decidida. Fui andando pro hospital, tinha consulta e depois teria que ir buscar a Rachel no aeroporto, que nervoso, parece que tomei um balde de formigas vivas que andam pela minha barriga. Alguma coisa vai acontecer!
Cheguei rápido no hospital, logo quando estava entrando ouvi a voz da Dra. :- Será que tenho tanta sorte assim?
- Dra?
- Bom dia!
- Bom dia!Dava pra sentir seu sorriso, uma sensação de esquentar o dia, assim como o Sol, energia positiva, boa.
- Como você está hoje?
- Bem e você?
- Ah, sabe como é, uns doentes por aqui, umas altas por ali, rotina de hospital.
- Quem mandou querer ser médica? Agora dá nisso!
- Verdade! Bom, vamos lá?
- Claro!Quando eu ía andar ela segurou minha mão, tremi da cabeça aos pés, ela riu, eu retruquei:
- Foi o susto.
- Sei, susto. Claro!Fomos andando, uma implicando com a outra, ela me parecia alguém muito legal. Chegamos na sala dela, sentei naquela maca e ela começou a fazer uns exames básicos, sentia ela mexer nos meus olhos como se os abrisse, mas eu não enxergava nada:
- Vê alguma coisa?
- Não.
- Sente alguma coisa?
- Sinto você mexer, só.
- Dor?
- Não.
- Medo?
- Não.Ela ficou calada um tempo, sentia ela respirar, mas não se mexia quase, parecia estática, isso durou alguns segundos, de repente ela saiu de perto e falou que iria pedir pra preparem outra tomografia, fiquei sem saber o que fazer e respondi que tudo bem, esperaria ali.
Ela se levantou, chamou a enfermeira, pediu isso aquilo e aquilo outro, perguntou se eu queria água, parecia nervosa com alguma coisa:- Tá tudo bem?
- Hã? O que?
- Você está bem? Parece nervosa.
- Eu? Não, não, tô ótima!
- Certeza?
- Claro, por que eu não estaria?
- Então se você diz, fico feliz e mais calma.A enfermeira veio e eu fui fazer os exames:
- Até mais tarde!
- Até mais tarde, te espero por aqui!Fiz os exames todos, um monte de coisas pra cá e pra lá, gente me puxando e me levando e rindo e falando e tudo mais. Quando terminei os exames voltei pra sala da Dra., a enfermeira e pediu pra esperar que ela já vinha.
Saiu, passou um tempo e senti como se alguém me olhasse, uma sensação estranha:- Oi? Tem alguém aí? Oi? Se tiver alguém aí me fala por favor, eu não enxergo! Hey, eu sei que você tá aí, fala comigo, por favor! Não se esconde. Me dá um oi, fala qualquer coisa, bate palma, sei lá!
Ouvi passos e a sensação sumiu. Algum tempo depois a Dra.chegou:
- Tina.
- Diga Dra.
- Será que posso te encontrar mais tarde?
- Me encontrar mais tarde? Como assim?
- É que eu gostaria de conversar algo com você.
- Ih Dra., desculpa, mas é que uma amiga minha chega hoje a Portugal. Será que poderia ser amanhã?
- Ér...Claro! Te vejo amanhã no mesmo horário de sempre?
- Não deixaria de te perturbar por nada.
- Obrigada!
- Hã? Pelo que?
- Você consegue me fazer rir. Aliás, você me deixa bem, e isso ninguém mais conseguiu depois que...
- Depois que...?
- Depois que perdi meu pai.
- ...
- E aí, você consegue voltar pra casa sozinha ou vou ter que te levar pela mão até Dona Joanna?
- Não precisa não. Já tô ficando craque, nem tropeço mais nas pedras do caminho. Quer dizer, tropeço menos do que tropeçava pelo menos. Pode ver, o tênis tá inteirinho, não tá?
- Tá sim!
- Me acompanha até a porta pelo menos?
- Claro!Segurei a mão dela pra descer da maca e senti como se ela tivesse gelado por dentro, alguma coisa estava acontecendo e ela não queria me dizer. Ela me levou até a porta e lá demos tchau, antes de eu sair ela me puxou e deu um beijo na minha bochecha, acabou pegando no canto da boca, eu gelei, tremi dos pés a cabeça e fiquei paralisada. Recobrando a consciência eu dei tchau, ouvi alguém chegar e falar com ela, saí de lá e fui andando meio desnorteada pelo caminho.
Ainda tinha tempo até a chegada da Rachel e quando estava a voltar pra casa eu lembrei da Pri que provavelmente ainda estaria lá, resolvi então ir pra outro lugar qualquer e esperar. Mas para onde ir? Hum! Pensa, pensa, pensa. Já sei! Vou ouvir o mar. É isso aí! Mas daí pra voltar vai ficar tarde e posso me atrasar. E agora? Eu não devia ter levantado da cama hoje. Dei um suspiro e me motivei:
- Vamos lá!
Sentei num bar perto do aeroporto e fiquei a esperar. Pessoas passaram, alguns falaram algo, outros somente passaram e a hora chegava. Levantei, paguei a conta e fui para o aeroporto esperar a Rachel. Muitos números, barulhos, mas consegui chegar no portão.
Fiquei lá parada esperando ouvir ela chegar e nem sabia como iria conseguir saber se ela tinha chegado ou não.
Como eu oooooooooooo-deeeeeeeeeeeeee-iiiiiiiiiiiiiiiii-oooooooooooooooo esperar...tum tum tantz tuntz tantz tuntz tantz tuntz tum tum tam tum tum tam tum tum tam parararararararatibum tam tam tam tam tum tum tum tum tam tum tam tum tam...nada a fazer...só tocar bateria imaginária mesmo. Ah! Vai dizer que você nunca fez isso?! Só alguém muito nerd ou lerd mesmo para nunca ter feito isso.
Estou ficando com sede. Acho que vou até a lanchonete pegar um suco.
Lá fui eu andando até a lanchonete, colocando os óculos escuros pra mulher não me enrolar com o preço, fingindo que enxergo tudo:- Dá licença?
- Pois não?
- Quanto tá o suco, por favor?
- Está $3,90.
- Tem de que?
- Laranja, Acerola, Maracujá, Manga, Mamão, Morango.
- Um de laranja, por favor.
- Só um minuto.Ela trouxe o suco e lá fui eu voltar pro portão de desembarque, andando tranquila sem pressa de chegar quando sinto passos nervosos na minha direção e "POFT".
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Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.
Short StoryBom, não sou o tipo de menina padrão que se encontra por aí. Talvez, até mesmo pra minha idade, eu seja bem diferente das demais. Começa pelo fato de que gosto de seduzir pessoas e faço isso muito bem. Carioca, vinte anos de praia, alta (1,73m), al...