A Estreia.

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Ela veio pra cima me beijando, empurrou minha mochila pro chão, foi subindo as mãos por baixo da minha camisa. Eu a empurrei um pouco e disse:

- Vic? Você tá doida?
- Não! Sim! Quer dizer, talvez por você.
- Hã?

Ela veio pra cima de novo e eu saí:

- A gente não tem tempo pra isso.
- Temos sim. Temos uma hora ainda.

Não acreditei naquilo que estava acontecendo. Mas o pior que tínhamos mesmo uma hora ainda. E ela fez questão de deixar claro que queria utilizar muito bem aquela hora. Sentou no meu colo subindo as mãos por baixo da minha blusa, jogando o corpo no meu, eu não sabia o que fazer. Quando a empurrei e disse:

- Vic, pára! Não posso! Desculpa, mas eu não posso fazer isso. 
- ...
- Olha, você é uma garota legal, linda, maravilhosa, mas não posso.
- Tá, tudo bem. Me desculpa!
- ...
- Ai meu Deus que vergonha!
- Não, não precisa ficar com vergonha. Por favor! Eu não quero...
- Não, tudo bem. Vai passar. Eu só pensei que...Ai! Sei lá! Gostei de você desde o momento que você entrou no espetáculo, sabe? Você é tão linda e eu pensei que, talvez, pudesse... Esquece!

Eu dei um beijo na testa dela e a abracei:

- Hey! Vamos fazer assim: continuamos nos conhecendo como estávamos, se rolar rolou. Pode ser?
- Certo!
- Bom, vou terminar de me arrumar senão daqui a pouco o Gah aparece aí dando um dos chiliques dele.
- Tá! Eu vou lavar o rosto e pegar minha mochila, te espero lá embaixo.
- Certo! Já vou descer.

Ela saiu e eu voltei a arrumar as minhas coisas. Era estranha aquela situação, ainda mais porque eu não sou de afastar meninas bonitas que querem me... Vocês sabem! E eu tinha quase certeza que escutara um barulho na porta quando a Vic veio me beijar, mas não havia ninguém ali.
Terminei tudo, peguei a mochila, saí do quarto e na hora que eu estava descendo escuto a Fernanda me chamar:

- Tina!!!
- Oi?!
- Você está indo pra peça?
- É, nós temos que chegar cedo pra verificar as coisas. Pra não dar nada errado.
- Ah sim! Entendi.
- Ok!
- Ér! Bom! Então, boa sorte!
- Obrigada!
- Tina...!!!
- Sim?
- Você tem um minuto pra conversarmos? É que eu... Não sei! Me sinto meio...
- Olha, desculpa Fernanda! Eu tenho mesmo que ir. O grupo tá me esperando.
- Ok! Tá, vai lá.
- Te espero lá na peça hein?
- Tá.
- Beijos.
- Beijos. Boa sorte!
- Valeu!

Eu desci rápido as escadas sem nem olhar pra trás. Fiquei com medo do que ela iria falar, deve ter sido isso. E agora era pensar na peça.
Chegamos no teatro era quase a hora da peça, eu estava no camarim com a maquiadora pra dar os últimos detalhes, o celular tocou:

- Alô?!
- Alô, Tina?
- Sim?
- É a Pri!
- Pri? O que que você quer?
- Nada! Eu só queria te desejar merda, soube que sua peça estreia hoje, não é?
- É sim. Agradeço a gentileza, até mais!
- Tina?
- Oi?!
- Quando você voltar me procura, quero muito falar com você.
- Já não tá falando?
- Não, quero conversar direito, explicar o que aconteceu.
- Olha Pri, eu não tenho mais nada pra falar com você. Nós não somos casadas e nem estávamos namorando. Você faz o que quiser da sua vida, tá? Eu tenho que terminar de me arrumar pra peça. Por acaso eu vou estrear hoje aqui, e se você não percebeu você está me atrapalhando.
- Ai Tina! Como você consegue ser tão estúpida?
- Você ainda não viu nada. Eu tenho que ir, tchau!
- Tchau!

tu tu tu tu

Eu sei, também fiquei pensando porque fui tão grossa e estúpida com ela, mas é que, tipo, sabe, ela me tirou do sério. Poxa! Me ligar no dia da estreia porque tá se sentindo magoadinha com o que fez? Ahhhhhh!!!! Que ódio!
A maquiadora ainda ficou olhando pra minha cara, assustada:

- Você está bem? Quer um pouco de água?
- Hã? Não não. Obrigada! Estou bem!
- ...
- A maquiagem está terminada? Eu preciso vestir o restante do figurino.
- Hã?! Ah! Sim, sim, deixa eu só retocar isso aqui.
- Obrigada!
- Você é muito séria, sabia? Devia tomar cuidado, criança! As vezes se você parar pra pensar é capaz de não fazer o que quer por medo. Só que se você arriscar viver a vida, pode ser que se sinta bem melhor do que imagina.
- Hã?
- Nada! Terminei. Vá vestir a roupa rápido que faltam menos de 20 min pra peça!
- Ok! Obrigada, Matilde!

Terminei de vestir o figurino e ecoa uma voz:

- 10 MINUTOS PARA O INÍCIO!!!

A casa estava lotada, dava pra escutar os barulhos do pessoal entrando e sentando nas cadeiras, falatório, as pessoas do elenco que passavam de um lado pro outro e os auxiliares que toda hora mexiam em algum detalhe. A luz estava pronta, som pronto, maquiagens, figurinos, cenário, atores, diretor. Eu estava na coxia esperando a "deixa"(ação que indicaria o momento para eu entrar em cena) quando alguém surge, era a Vic, ela veio até mim, deu um beijo, eu paralisei, ela se afastou e disse:

- Só pra dar sorte!

E entrou em cena.
Fiquei ali sem entender nada, de repente o Gah aparece atrás de mim e me dá um tapa no ombro:

- Um, dois, três e entra.

Ele me empurrou e eu entrei em cena como se tivesse acabado de acordar. E não dava pra parar, segui fazendo a cena, num dado momento a Vic me olhou diferente, eu fiz cara de quem não tá entendendo, ela seguiu com suas falas, o Bil (segundo ator em cena) me puxava na marcação, eu virei e dei de cara com o Marco (quarto ator em cena) fazendo biquinho pra me beijar, eu dei um pulo, levei um susto e a plateia começou a rir. A peça foi totalmente diferente do que havíamos ensaiado, com a Vic fazendo insinuações e caras e bocas pra mim, o Bil seguindo a marcação e o Marco que fazia uma personagem que queria porque queria me beijar, eu perdida no meio disso tudo.
Chegou no fim da peça o público aplaudiu bastante. Mas o diretor não parecia tão feliz quanto eles e pediu pra conversar com a gente. Levamos uma bronca daquelas. Até o dono do teatro chegar perto dele e falar que adorou, que vai pedir pra retornarmos em outra temporada e nos daria a indicação pro prêmio no próximo festival. Agora sim as coisas melhoraram, o diretor estava mais calmo e o Gah não morreu do coração.



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BEIJOS, KIKA LEONINA ;) 


Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora