Respirei fundo e peguei a caixa. Levei-a até a cama e sem titubear abri. Tinha tantas coisas ali naquele pequeno pedaço de papelão que eu não sabia o que olhar primeiro. Eu tive muita sorte de não ter perdido documentos, pertences etc. Abri minha carteira e nela uma foto que a Rach guardou para mim, era ela me mandando um beijo, atrás tinha um recado: "você verá essa foto um dia, eu sei e me deverá um beijo por isso!":
- Eu te devo um beijo!
Falei para mim mesma.
Tinha alguns euros na minha carteira, documentos. Na caixa também estava meu cordão e a aliança de compromisso, olhei-a durante alguns segundos, com cuidado peguei a aliança e coloquei novamente em meu dedo. Era engraçado perceber como minha mão ficava diferente com ela, e ao mesmo tempo, como sentia falta dela. Como sentia falta da Rachel. É uma parte sua que nunca vai embora. Eu me perdia nos pensamentos e de repente lembrei porquê havia pego aquela caixa, procurei entre outros pertences o meu celular. Ele tinha que estar ali em algum lugar. Depois de tirar quase tudo daquela caixa finalmente achei:- Droga!
Nathalie entrou no quarto:
- O que aconteceu?
- Hã?! Oi, Nathalie!
- Oi! No que está mexendo?
- É o meu celular. Ele tá sem bateria.
- Também, né? Queria o quê? Você ficou apagada durante dias, está nesse hospital já faz mais de uma semana. Natural o celular estar sem bateria.
- Aout! Verdades demais!
- Desculpa! Qual o modelo dele?
- Aqui! Pega!Entreguei o celular nas mãos dela, ela olhou a entrada do carregador e disse:
- Espera um minuto, vou pegar o meu carregador, acho que serve.
Ela se levantou e antes de sair olhou para mim:
- Serei rápida, eu prometo.
Acho que eu estava com cara de cãozinho abandonado, pois ela deu uma risada fofa.
Fiquei ali tentando futucar o aparelho, apertando o botão de ligar, como se magicamente ele fosse criar bateria. Mas não criou. Não muito tempo depois de sair, Nathalie voltou com uma bolsa:
- Aqui está!
Ela estava com o carregador em mãos.
Olhei para ela, para o carregador e por final para a bolsa:- Por que você está de bolsa?
- Porque é assim que as pessoas levam as coisas hoje em dia. Para não levarem nas mãos elas guardam em bolsas.Ela disse isso com tamanha naturalidade, como se explicasse para uma criança de 2 anos de idade, ao final olhou com um sorriso para mim:
- Jura? Não sabia. Pensei que levavam numa bolha mágica.
- Não! Isso ainda não foi inventado, mas a ideia é interessante, anota ela que conversamos mais tarde.
- Ok! Ok! Me dá o carregador!
- Toma.Ela me entregou o carregador, eu conectei no celular e depois na tomada. Tentei ligar o celular:
- Droga! Não tá ligando.
Ela segurou minhas mãos inquietas, pegou o celular e colocou na mesa ao lado da cama:
- Claro que não liga, ele está há mais de uma semana sem bateria. Você precisa esperar o celular ter um carga primeiro.
- Tá bom.Ficamos em silêncio durante algum tempo antes que ela me perguntasse:
- Então, o que tem de tão importante nesse celular?
- Uma mensagem, eu acho.
- Uma mensagem? Como assim?
- Quando eu estava em Portugal recebi uma mensagem, mas não pude ler.
- Não tinha como pedir para alguém ler.
- Eu pedi, mas ele disse que não era nada, que era mensagem de operadora.
- Então?
- Eu sei que era mentira, tem algo nessa mensagem que não queriam que eu visse.
- Se não queriam que você visse, será que é uma boa você ler agora?
- Do que você tá falando?
- Tina, já aconteceram tantas coisas nesse pouco tempo. Se essa mensagem for algo que vai te deixar mais confusa, talvez não seja bom ler.
- Não. Claro que não. E se for algo bom? Eu tenho que ler. Não quero continuar com esse mistério na cabeça.
- Tá bom.Olhei o celular, já tinha carga para ligar, então o fiz. Aqueles segundos enquanto o celular ligava pareciam uma eternidade. Finalmente ele ligou. Tinham tantas mensagens e ligações, não pensei que seria tão "difícil" encontrar uma mensagem específica no celular.
Rolei a barra de mensagens e fui apagando. Tinham ligações perdidas, mensagens de operadora, promoções e...uma mensagem da Rachel, de antes de nos encontrarmos em Portugal:Oi, Tina! Tudo bem? Sei que não nos falamos há um tempo, mas estou indo para Portugal semana que vem, quer me encontrar? rsrs
Senti um frio na espinha, como se ela estivesse do outro lado da tela esperando a resposta. Meus olhos ardiam. A Nath perguntou o que houve e vendo minha cabeça baixa e ombros encolhidos, tirou o celular da minha mão e me abraçou.
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Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.
Historia CortaBom, não sou o tipo de menina padrão que se encontra por aí. Talvez, até mesmo pra minha idade, eu seja bem diferente das demais. Começa pelo fato de que gosto de seduzir pessoas e faço isso muito bem. Carioca, vinte anos de praia, alta (1,73m), al...