Eu ainda dormia, com os pés fora da coberta, em uma cama que já se tornava familiar para mim. Quando a porta se abriu, como de rotina, e a enfermeira, aquela de antes do plantão, entrou:
- Bom dia! Como se sente hoje?
- Bom dia? Mas por que me acordou tão cedo? Tem algum exame? Alta? Eu já morri?
- Não, não e não! A doutora Nathalie me pediu para lembrá-la que hoje vocês irão sair.
- É sério isso? Ela pediu pra você me acordar às...Pera! Que horas são mesmo?
- Nove horas.Atirei-me novamente às cobertas:
- Arghhhhhhh! Nathalieeeeeeeee!
A enfermeira abriu as cortinas, parecia estar se divertindo com a minha agonia em acordar naquela hora. Ela fez de tudo para me obrigar a levantar e disse:
- A doutora disse que vai chegar às 10h.
- Tá, tá bom! Já entendi. Tô levantando, ok?
- Obrigada!Levantei com dificuldade por causa do sono, olhei pra agulha no meu braço, respirei fundo e segui para o benheiro resmungando, a enfermeira prosseguiu o caminho sem se abalar com os grunhidos que eu fazia.
Olhei meu rosto no espelho, cabelo amassado, cara de sono, olhos vermelhos e pensei:- Tina, você tá destruída! Olha pra você, acabada, o que aconteceu? Como você foi ficar assim? Ninguém olharia pra você assim...A Rachel não olharia pra você assim.
Fixei os olhos no espelho novamente, após molhar o rostocom um pouco de água:
- Tá na hora de mudar isso!
Nesse momento me senti naqueles clipes com cenas motivacionais de filme, onde toca uma música forte e aparece a pessoa se preparando para algo grandioso, sabe? Eu não tinha música no quarto, então pensei em alguma pra cantar. O máximo que consegui foi "All by myself".
Eu me arrumei, coloquei uma das roupas que meu irmão levou para o hospital. Uma calça jeans surrada e uma camiseta azul. Olhei para os meus pés descalços e seria ótimo não vestir nada, voltar para cama. Parei por um minuto com o olhar vago, a imagem da Nathalie fez com que eu acordasse do transe, era como se ela falasse as horas pra mim. Sentei na cama e enquanto calçava meu all-star branco e de solas gastas, que quase andava sozinho, esperei, como quem espera um abate, uma resposta ou do lado de fora da sala do diretor. Mil coisas passavam pela minha cabeça. Quanto tempo eu estou no hospital, quais as chances de encontrar a Rachel, como falar pros pais dela. Por que a Nathalie é tão gentil comigo? Onde está a Fernanda? Das lembranças do avião o que é real? Meus pés ainda balançavam no ar enquanto eu esperava sentada na cama, até que a porta abriu:- Tina?
A Nathalie entrou no quarto. Ela estava linda, com uma calça jeans justa e uma blusa branca solta, o cabelo preso no alto e um sorriso que parecia sempre dizer que tudo ficaria bem.
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Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.
Storie breviBom, não sou o tipo de menina padrão que se encontra por aí. Talvez, até mesmo pra minha idade, eu seja bem diferente das demais. Começa pelo fato de que gosto de seduzir pessoas e faço isso muito bem. Carioca, vinte anos de praia, alta (1,73m), al...