O capitão do navio não teve pressa em perguntar o que houve. Parecia, até mesmo, acostumado a resgatar pessoas em botes pelo mar aberto. Quando olhei em volta, percebi que, não éramos as únicas resgatadas, havia muita gente com cobertores e olhares abertos, espantados. Famílias inteiras estavam ali. Aproximei-me de uma senhora que estava abraçada à uma mala:
- Com licença!
Ela não me respondeu. Tentei de novo:
- Com licença! Senhora?
Ela permanecia imóvel. Toquei em seu ombro levemente e ela deu um pulo e virou-se, fixando seus olhos esbugalhados em mim:
- Desculpe, não queria assustá-la!
- Hã?Ela não falava a minha língua. Usei meu pouco inglês na tentativa de me desculpar:
- I'm sorry. I seek a person. She's a beautiful woman, her name is Rachel.
- I don't know.
- Okay. Sorry and thank you.Olhei em volta, procurei pelos cantos dentro do meu campo de visão, andei pelo barco, perguntei para um marinheiro:
- I seek a person, Rachel.
- Sorry.- You look Rachel?
- No. Sorry.- Rachel?
- No.Eu busquei em todos os cantos do navio. Não entendia, se haviam tantas pessoas naquele navio, onde estava a Rachel? Senti um aperto no peito como um choque, mas passou. Sentei ao lado de Fernanda e olhei o horizonte. Não parecia que tão cedo iríamos sair daquele barco. Ficamos em silêncio durante um bom tempo. Eu tinha a sensação de que aquilo tudo iria pelos ares dentro de instantes. Senti novamente um aperto no peito, agora mais forte. Fernanda segurou minha mão e perguntou:
- Você está bem?
- Sim. Tá tudo bem.Novamente o silêncio nos abriga. Eu queria fazer tantas perguntas, mas nenhuma saía de meus lábios. Onde ela esteve? Por que foi embora? Por que não me ligou? Enquanto eu repassava as mil questões na minha cabeça ela indagou:
- Quem é Rachel?
- Hã?
- Quem é Rachel?Parei por um segundo. Como eu ía explicar quem é a Rachel? Respirei fundo e disse:
- É uma mulher incrível que eu conheci em um acidente e agora a perdi em outro.
- Vocês...Eu sabia a pergunta que ela queria fazer, se nós estávamos juntas:
- Sim.
Mostrei-lhe o anel em minha mão. Ela suspirou. Pensei que nesse momento ela iria desaparecer, como fez antes, então fechei os olhos por 3 segundos e quando abri, bem, ela ainda estava ali:
- Vocês estão noivas?
- Ela estava me levando pra conhecer seus pais.
- Uau! E tu não piraste com isso?
- Muito.Ela riu. Ficamos mais um tempo sem dizer nada. Eu suspirei mais uma vez e com um instante de coragem:
- Por que você foi embora?
- Embora de onde?
- Quando eu fui para o hospital, você sumiu, não falou nada, não ligou, simplesmente foi.
- Tina, eu...Senti novamente um aperto no peito muito forte, tudo começou a ficar embaçado:
- Tina, você está bem? Tina? Tina, acorda.
A imagem da Fernanda se desfazia na minha frente e um clarão surgia. Eu ouvia muito barulho, pessoas ao meu redor, sirenes, meus olhos mal se mantinham abertos, mas cheguei a ver alguém de roupa bege falando comigo e de repente tudo se apagou.
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Confusões Amorosas de uma Garota Perdida.
Short StoryBom, não sou o tipo de menina padrão que se encontra por aí. Talvez, até mesmo pra minha idade, eu seja bem diferente das demais. Começa pelo fato de que gosto de seduzir pessoas e faço isso muito bem. Carioca, vinte anos de praia, alta (1,73m), al...