Vinte e três

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Peter

Assim que entrei no quarto vi minh avó deitada na cama, ela parecia melhor do que estava antes, fui até o seu lado ainda me sentindo muito envergonhado e culpado por tudo que tinha acontecido com ela.

-Está se sentindo melhor? - Pergunto.

-Tão melhor que não vejo necessidade de passar o resto do dia enfiada nessa cama. Com as minhas geleias para preparar.

-O médico disse que era para você repousar, um dia apenas não vai doer. -Respiro fundo antes de tomar coragem de falar o que estava me martelando. -Me desculpe por ter agido como um babaca, não queria ter deixado a senhora mal desse jeito.

- Não se sinta culpado querido, meu coração já anda me dando algum trabalho há um tempo, você não tem culpa de eu ter passado mal.

-Mesmo assim, acho que eu contribuir para isso.

-Deixe disso, agora venha cá, quero lhe fazer um cafuné. - Ela bate ao lado do colchão, tirei meu sapato e deitei na cama com a cabeça apoiada nela que começou a fazer cafuné em mim.

-Isso é tão bom.- Digo sentindo os dedos da minha avó massageando meu couro cabeludo.

-Eu fazia você dormir só com cafunés, você e Kate sempre vinham para minha cama atrás de cafuné.

-A gente disputava quem chegava primeiro no quarto, só para ser o primeiro a receber carinho. - Me lembro como se fosse ontem quando isso acontecia.

-Ah, meu querido o tempo voa. Mas isso não quer dizer que aquele menino não esteja ai ainda. Ele sempre vai viver dentro de você.

-Não vou voltar para Boston. - Falei de repente. Minha avó não para de mexer nos meus cabelos. - Acho que ainda não estou pronto para voltar para lá.

-Sabia decisão, você está de cabeça quente, tire esse restante de tempo para refletir e aproveitar a fazenda. Já sei! Por que não tira o restante do dia para fazer alguma coisa legal?

-Fazer o que de legal? Andar de cavalo? Eu já faço isso todos os dias desde que cheguei.

-Por que não convida Rose para fazer uma trilha ela não conhece ainda tudo aqui. Uma trilha pelas montanhas vai ser legal.

- Fazer uma trilha com a maluquinha? Nem pensar!

-Vamos lá Peter, se esforce um pouco. Vocês dois são próximos de idade, com certeza tem bem mais conversa do que eu e seu avô com vocês. Faça isso por mim, quero ver você mais animado. - Aí é golpe baixo o que ela está fazendo.

-Está bem! Você ganhou, vou chamar a maluquinha pra fazer um trilha, mas eu aposto que ela vai dizer não.

****

Ela disse sim, para minha surpresa ela aceitou de boa. Realmente o dia hoje estava bem bizarro. Arrumei uma mochila básica com água e coloquei algumas frutas também para o caso de dá fome. Rose tinha ido até o chalé trocar de roupa, quando ela voltou estava de tênis assim como eu.


Não iríamos ir para muito longe, só iríamos até o início das montanhas até o rio.

-Estou curiosa, as geleiras no topo da montanha nunca derretem? - Ela pergunta assim que entramos na área mais arborizada.

-Eu sempre vi com gelo, acho que elas nunca derretem.

-O inverno aqui é muito rigoroso?

-Entre janeiro e fevereiro é a época mais fria, como estamos perto do Canadá o frio tende a ser maior.

Um amor em MontanaOnde histórias criam vida. Descubra agora