"Eles esqueceram de onde vieram e tudo que passaram.
Conforme a fé sumia, a magia também desaparecia. Congelada em seus corpos mortais, pois seus usuários não sabiam como usá-la, a magia foi esquecida"
Xicheng
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Conforme os minutos iam passando Jiang Cheng percebeu que o humano, que descobriu se chamar Lan Xichen, era o humano mais gentil que já conheceu. É claro que Xichen era o primeiro humano que conheceu em sua vida até agora, mas duvidava que existisse outro humano tão gentil quanto o homem que estava a sua frente.
Ao olhar pela primeira vez o Jiang comparou o homem a um coelho, mas agora que o conhecia mais de perto percebeu que sua personalidade era muito parecida com a de um cachorro grande. Teve contato com cachorros perdidos na mata poucas vezes, mas os cachorros sempre pareciam carentes e necessitados de atenção. E Lan Xichen era exatamente desse jeito.
O Lan gostava de conversar, puxava assuntos diversos sempre que podia e estava sempre tentando agradar. Era fofo como um filhote, mas Jiang Cheng ficava triste de pensar que o homem era tão carente ao ponto de gostar da atenção de um estranho.
Parecia solitário.
- De onde você veio A-Cheng? - O Lan perguntava interessado, não desviando os olhos do Jiang sentado à sua frente.
No início Jiang Cheng se assustou com o apelido que recebeu, parecia tão íntimo para se chamar um estranho como ele, mas parecia tão bonito sendo dito pelo Lan que a raposa resolveu ignorar.
- A cidade mais próxima daqui fica a muitos quilômetros – Lan Xichen continuou ao não receber resposta, suas orelhas coraram pensando no que diria – Parece ser um caminho difícil de se fazer em seu estado.
Jiang Cheng entendeu o que ele quis dizer. Lan Xichen pensava que havia andado todo o caminho da cidade até aquele lugar completamente nu. Entre as raposas nunca foi necessário roupas, tinham pelos longos e volumosos que escondiam qualquer coisa vergonhosa, então nunca entendeu a necessidade dos humanos de usar roupas. Agora, naquele corpo e estando coberto com apenas uma capa e lençol quente, Jiang Cheng entendeu a necessidade dos homens em usar roupas. Era... vergonhoso ser visto de forma tão intima por alguém, principalmente se esse alguém em questão fosse um humano que acabou de conhecer.
A raposa ficou desconfortável no início e queria muito pedir por roupas para cobrir sua nudez, mas ao mesmo tempo não queria soltar aquela capa cheirosa e confortável. Por fim decidiu apenas se enrolar na capa e não soltar mais.
Seria mais simples se Jiang Cheng pudesse apenas contar a verdade, não teria que inventar uma mentira inteira para explicar porque estava nu no meio da floresta, mas não podia dizer a verdade assim. Se sua mãe soubesse que revelou o maior segredo de sua família para um simples humano provavelmente ia acabar muito machucado ou até mesmo morto.
O certo a se fazer naquele momento era esperar que Lan Xichen estivesse distraído para que se transformasse em sua verdadeira forma e corresse o mais rápido possível para casa, mas não conseguia. Parecia tão errado para si a ideia de abandonar o homem que lhe ajudou, que lhe acolheu sem pedir nada em troca. Não só isso, mas também havia seu pé, duvidava que poderia correr com a pata ferida.
