Capítulo 11

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A raposa negra se sentia frustrada, ver seu irmão triste nunca foi agradável.

A caminhada de volta para casa foi tranquila e Jiang Cheng não parecia mais estar tão triste e amuado, mas chegar na vila foi como uma grande pedra caindo diretamente na cabeça de seu irmão.

Madame Yu gritou furiosa para que todos ouvissem o quanto achava seu filho inútil por se machucar e ter que passar dias longe de casa. O Jiang escutou tudo em silêncio não se atrevendo a nem mesmo olhar para a mulher furiosa e ver que aquilo afetou tanto seu irmão ao ponto de ele chorar escondido fez uma raiva indescritível se apossar da raposa negra.

Wuxian odiava ver seu irmão chorar, sabia o quanto ele se esforçava para agradar a todos e mesmo assim era tratado de forma injusta. Sendo o irmão mais velho, seus instintos gritavam para que defendesse seu irmão de qualquer um que o fizesse mal, mas também não podia ir contra Madame Yu. Os sentimentos de culpa e raiva se misturavam, o deixando com um gosto azedo na boca.

O pai de Jiang Cheng também não ajudou a melhorar o humor de seu irmão. Para seu tio parecia que a raposa purpura era invisível. Falava palavras doces e reconfortantes, mas nunca para seu filho, nunca para Jiang Cheng. Wuxian era eternamente grato por tudo que seu tio fez e adorava a atenção que recebia, mas o favoritismo era claro e desnecessário para si.

Quando era no final do dia Jiang Cheng já estava exausto mentalmente, se escondendo em sua toca e não saindo por nada. E a raposa negra se sentia culpada por não poder levantar o astral do irmão.

Sentado no lado de fora da toca e tentando de tudo para animar seu irmão, Wuxian suspirou. Seu irmão nem ao menos parecia estar o escutando, enrolado em sua cauda e de costas para o irmão.

A raposa negra se aproximou para deitar nas costas do irmão, não era o tipo de carinho apropriado para reconfortar alguém, mas Wuxian resolveu tentar de qualquer forma.

- Um dia nossa Shijie vai ficar velha e ser líder da vila, eu e você vamos estar sempre ao lado dela ajudando no que ela precisar, assim como seus tios fizeram com seus pais – A raposa purpura não entendia porque o irmão estava falando sobre aquilo agora, mas mantinha toda a atenção nas palavras do irmão - Quando esse dia chegar não vamos mais poder ser nós mesmos, teremos que ser responsáveis e não poderemos mais aproveitar a vida.

Jiang Cheng continuava em silêncio, totalmente confuso sobre o que o irmão queria dizer com aquilo.

- O que eu quero dizer é que você precisa aproveitar enquanto pode, Jiang Cheng. Você completou a maior idade a pouco tempo e não sabe nada desse mundo, precisa explorar e conhecer coisas novas – A raposa negra sorriu – Lan Zhan, ZeWu-Jun, o clã Lan, tudo isso é apenas o começo desse mundo gigante. Se você viver de acordo com as regras dos outros, nunca vai conhecer suas próprias regras.

A raposa purpura se desenrolou aos poucos, olhando para o irmão ao seu lado. Jiang Cheng sentia que seu irmão estava certo. Todos os clãs que Lan Xichen o apresentou, todas as comidas que não havia comido, todos os lugares que não conheceu, tudo aquilo era um mistério que Jiang Cheng queria conhecer. E não ia conseguir isso vivendo para agradar os outros.

Wuxian talvez não fosse tão burro.

- E é por isso que você vai em uma comemoração comigo no clã Lan daqui alguns dias.

Jiang Cheng revirou os olhos. Esqueça o que havia dito, seu irmão era um burro manipulador.

- Eu não vou a lugar nenhum – A raposa rosnou baixo, voltando a se deitar de costas para o irmão - Eu nem ao menos sei como são as comemorações humanas.

The Fox and The Big RabbitOnde histórias criam vida. Descubra agora