Ato II - Capítulo 38

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As coisas estavam acontecendo muito rápido, de uma forma que Jiang Cheng não conseguia acompanhar. Sua mente apenas parecia cansada demais para processar tudo que estava acontecendo em tão pouco tempo.

Ele se apaixonou, se decepcionou, se vingou e tudo isso pelo quê? A verdadeira pessoa por trás de tudo ainda estava solta e conspirando para que sua morte acontecesse. Ele apenas queria ser feliz ao lado dos que ama, mas apenas parecia que estava sendo deixado para trás.

Wuxian não era mais seu irmão mais velho, não, agora ele era a alma gêmea de Lan Wangji, tão felizes juntos que chegava a ser ofuscante e Jin Ling o culpava por tudo que aconteceu, se isolando em seu próprio canto e sem qualquer vontade de se enturmar.

Lan Xichen voltou a cuidar dele de forma discreta. Incontáveis foram as vezes que Jiang Cheng acordou com uma bela cesta de frutas ao lado de sua cama sempre que Lan Xichen vinha até o píer. O Lan estava cuidando dele e respeitando seu espaço, assim como foi no Recanto das Nuvens.

Ele estava apenas ali existindo e remoendo o passado, sendo deixado para trás para lutar contra os próprios demônios.

Jiang Cheng apenas queria esquecer, queria seguir em frente sem que o peso de milhares de mortes estivesse em suas costas. Era um peso que ele não queria receber, um peso que foi jogado em si sem que tivesse escolha.

Era sua culpa que a vila foi descoberta.

Era sua culpa que seus pais e amigos estivessem mortos naquele momento.

Era sua culpa que Jin Ling não tinha pais em quem confiar.

Era sua culpa que seu sobrinho o enxergasse como um inimigo.

Culpa

Culpa

Culpa

Tudo sua culpa.

Estava cansado e não poderia descansar até que o responsável por tudo aquilo tivesse acontecido. Não iria conseguir dormir sem que os pesadelos o atormentassem se não tivesse sua vingança.

E ele sabia, sabia que a vingança não iria trazer seus amados de volta e que não iria preencher o vazio em seu coração, mas era a única coisa que poderia fazer para honrar a memória daqueles que se foram. E era seu dever fazer aquilo, pois era ele que carregava a confiança de todos.

Era simples, não? Colocar todos contra seu inimigo seria fácil, manipular era o que ele fazia de melhor ultimamente, mas como poderia viver sabendo que iria tirar de Lan Xichen uma das coisas mais importantes para ele.

Amor. Fraternal ou não, era amor que Lan Xichen compartilhava com seu inimigo. O mais puro sentimento de amor e confiança. A raposa se atrevia dizer que o que os dois tinham era mais do que aquela vida, talvez almas gêmeas que estão destinadas a ficar juntas durante todas as reencarnações.

Então como Jiang Cheng poderia dar fim ao que era importante para a pessoa que ama? Ele não estaria sendo hipócrita por tirar o amor de outro apenas porque teve seu amor tirado também?

Talvez o inimigo pudesse mudar, a raposa passou noites em claro pensando sobre isso. Apenas talvez, o homem já estivesse cansado de todo mal que causou, disposto a esquecer e seguir em frente como alguém bom ao lado de Lan Xichen.

Mas sabia que não era possível. Meng Yao era tão ganancioso como ele, disposto a ganhar tudo ou apenas perder tudo, apenas uma parte das coisas não era suficiente para saciar seu desejo. A prova disso eram os sussurros e boatos que corriam pelo píer sempre que as outras seitas vinham para alguma reunião, fofocas soltadas ao vento sobre coisas que nunca aconteceram.

The Fox and The Big RabbitOnde histórias criam vida. Descubra agora