Capítulo 24

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- A-Chen...

O Lan olhou para a raposa ao seu lado. No escuro da caverna a imagem de Jiang Cheng sendo iluminado pelas luzes dos vagalumes era divina, mas seu rosto preocupado denunciava como estava perturbado com algo.

Murmurando, o Lan esperou pelo que seu A-Cheng queria o falar, vendo o quanto estava hesitante em dizer aquilo que estava pensando. Apertou a mão fria em contato com a sua como um incentivo, como se para mostrar que estava ali para ouvir qualquer coisa que estivesse o perturbando.

- Não vamos poder ficar juntos por mais tempo, não é?

- Por que acha isso?

Em nenhum momento Jiang Cheng se virou para encarar o homem nos olhos, lhe faltava a coragem de confessar seus medos de forma tão sincera.

- Somos diferentes – A raposa sentiu a voz falhar com o nó se formando em sua garganta, mas não podia parar agora, a ideia de continuar a manter seus medos em segredo era tão torturante quanto os pensamentos em si – Coisas diferentes não combinam juntas.

Lan Xichen não respondeu, sabia que a raposa tinha muito mais a dizer, apenas precisava do tempo necessário para conseguir coragem.

- O inverno está acabando e esse medo dentro de mim continua crescendo – suspirou - não temos mais tempo para aproveitar isso que temos juntos.

O Lan sorriu, trazendo a mão de Jiang Cheng para que pudesse beijá-la com carinho. Sua mão nunca foi ferida, mas ainda haviam cicatrizes, marcas roxas que desciam como fogo da ponta de seus dedos. O poder estava aumentando e cada vez que era usado as cicatrizes desciam marcando sua pele com o tom escuro de violeta.

A raposa não gostava, dizia o quanto eram feias, mas Lan Xichen as achava lindas e estava disposto a beijar cada uma delas para provar seu ponto.

- Somos diferentes, mas isso não precisa ser algo que nos separe – Dessa vez Jiang Cheng teve coragem para olhar o Lan nos olhos, sua atenção totalmente focada nas palavras doces – Nossas diferenças são o que nos faz sermos perfeitos juntos. Você tem aquilo que eu não tenho e me completa como um todo.

Jiang Cheng sentiu quando as primeiras lágrimas desceram por sua bochecha. Ele não queria chorar, não queria parecer fraco na frente do homem, mas ele estava com tanto medo...

- Somos um, Jiang Cheng – sorriu – e mesmo estando longe, meu coração sempre vai estar contigo.

Sempre.

O para sempre nunca pareceu tão curto como agora.

Jiang Cheng estava sozinho.

Nem ao menos Lan Xichen estava lá para ele.

Sentia que suas pernas iriam falhar a qualquer momento, a neve cobrindo até seus joelhos apenas fazia o trabalho de fugir ainda mais difícil. Não sabia para onde estava correndo, mas nunca parou. Seu cérebro não conseguia processar o caminho que estava seguindo com tanta adrenalina.

E o choro do bebê apenas fazia sua cabeça latejar ainda mais.

Jiang Cheng sabia que não era culpa do pequeno bebê, ele apenas estava tão assustado quanto ele mesmo e não podia fazer nada além de gritar com força para demonstrar o que sentia. Estava frio, a neve nunca parando de cair um único segundo e agitado nos braços de Jiang Cheng enquanto corria, era impossível que o bebê se acalmasse.

Depois do que pareceram horas correndo sem parar Jiang Cheng decidiu fazer uma pausa, ele apenas precisava respirar um pouco e pensar para onde iria a partir de agora. Correr sem rumo não iria resolver seus problemas naquele momento.

The Fox and The Big RabbitOnde histórias criam vida. Descubra agora