Ato II - Capítulo 35

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Quando Jiang Cheng acordou foi com a sensação de algo gelado sendo colocado em sua testa. Demorou um pouco para raciocinar onde ele estava, sua mente estava lenta e seu corpo parecia tão dormente que era difícil até mesmo respirar.

Era difícil abrir os olhos, seu corpo parecia apenas ter desistido de viver, deixando de seguir os comandos de seu cérebro. Foram necessários longos segundos até que conseguisse abrir os olhos levemente.

Reconheceu os desenhos de lótus e pequenas raposas no teto de madeira, seu corpo relaxou ainda mais ao processar que estava deitado em seu quarto e não em um lugar estranho ou desconhecido.

Os lençóis quentes e a cama confortável junto ao pano macio e gelado colocado em sua testa o deixavam relaxado, seu corpo parecia implorar por mais algumas horas de sono. A raposa relaxou, sua consciência indo embora aos poucos conforme o sono tomava seu lugar.

E então tudo voltou com tudo.

As lembranças da guerra, a batalha com o líder Wen, seus discípulos feridos e Lan Xichen, tudo. Todas lembranças voltaram com tanta força que sua cabeça latejou.

Seu corpo se levantou em um impulso, sua respiração rápida enquanto sentia sua visão turvar com o movimento brusco. A tontura quase o levou o desmaio novamente, tanto que não sentiu quando uma mão foi espalmada em seu peito e o forçou a deitar novamente.

Sentia que a pessoa falava algo, mas seu cérebro não conseguiu processar, ouvindo apenas uma voz abafada e sem sentido. O pano gelado foi novamente colocado em sua testa, enquanto seu corpo foi coberto com os vários lençóis.

A raposa agradeceu mentalmente a pessoa que o cobriu de forma tão quente, pois sentia seu corpo tremer de frio. Demorou um pouco até entender que provavelmente estava com febre, afinal para estar com frio em um lugar tão quente quanto o píer apenas se estivesse extremamente doente.

Demorou, mas logo sua visão conseguiu focar nas coisas em volta sem que uma tontura forte tomasse seu corpo. Seus olhos se movendo até que pudesse ver a outra pessoa que estava ali no quarto com ele.

- Xichen – o Jiang tossiu, sua garganta parecia estar em chamas, doendo apenas por falar uma única palavra.

O Lan pareceu perceber sua dificuldade, pegando uma xícara cheia da água e ajudando a raposa a se sentar para que pudesse beber sem o perigo de se engasgar. Apenas depois de três xícaras de água gelada foi que o Jiang conseguiu falar normalmente sem sentir sua garganta arranhando.

Logo que seu corpo começou a responder seus comandos a raposa tentou levantar da cama, sendo novamente parado pela mão em seu peito. Jiang Cheng estava simplesmente fraco demais para ir contra a força sobre-humana dos Lan, desistindo de tentar depois de ver que nem ao menos conseguia se sentar de forma descente com o Lan o impedindo daquele jeito.

- Eu preciso ver como todos estão, me solte.

- Você está desacordado a três dias, não sairá da cama até que coma e descanse.

- Três dias? Preciso saber como meus discípulos estão!

- Não vai sair deste quarto, Wanyin.

A raposa parou de se debater, seus olhos correndo para o homem ao seu lado. Não foi a ordem em si que o deixou surpreso, mas sim a forma como Lan Xichen parecia sério. Nem ao menos seu sorriso gentil que não sumia não importava a situação, não estava mais ali.

Parecia tão sério quanto Hanguang-Jun normalmente era, mas tinha algo a mais na expressão alheia que deixou Jiang Cheng inseguro, parecia raiva, mas ao mesmo tempo medo. A raposa simplesmente não conseguia entender o que o Lan estava sentindo naquele momento.

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