Laura contraía o rosto enquanto Alana movia a agulha sobre sua clavícula, sentindo a dor, mas contente com a imagem que se formava. Alana estava com uma máscara preta, concentrada, enquanto uma música de rock tocava ao fundo. Sentiu o celular vibrar no bolso e mordeu o lábio inferior, vendo o horário e o nome de Iori na tela. Estava atrasada para a encontrar e sabia que ela estaria nervosa, mas atendeu mesmo assim.
—Querida, onde você está? — Iori questionou impacientemente, bebendo um gole de suco para umedecer a boca. — Estou te esperando há meia hora.
—Estou terminando a tatu agora. Desculpa te fazer esperar, mas o equipamento de Alana deu problema e começamos depois do horário.
—Com tantos estúdios, Laura, e você escolhe justo o de Alana para me fazer esperar? — Ela deixou demonstrar o nervosismo.
—É uma região sensível, e você sabe que Alana tem boas mãos. Mas não se preocupe, querida, eu já estou saindo daqui.
—Você tem quinze minutos para chegar aqui, ou só te vejo em dois dias.
Iori desligou, fazendo Laura suspirar. Olhou para baixo, vendo que Alana tinha terminado a figura de La Muerte, a deusa mexicana. Um manto vermelho cobria sua cabeça, enquanto traços coloridos enfeitavam seu rosto na pele morena de Laura. Olhos enfatizados. Uma rosa estava na lateral da cabeça, o olhar era penetrante. Era somente mais uma das várias tatuagens que ela possuía pelo corpo.
—Sua patroa está nervosa? — Alana perguntou em tom zombeteiro.
—Iori odeia esperar. E vai viajar a noite, então nós sempre tentamos combinar de nos encontrar antes das viagens dela, ao menos para nos despedir.
—Arquiteta, não é? Lembro de você me dizer na última tatuagem que ela viaja muito.
—Sim, ela faz os projetos, e tem que supervisionar as obras. Ela quer fazer o nome ser conhecido, então dificilmente ela recusa alguma dessas viagens.
—E o que você fica fazendo sozinha em casa?
—Dou festas, fico chapada. Esse tipo de coisa. — Falou com ironia.
—Eu não sei por que Iori te aguenta. Ela consegue coisas melhores.
—Como você? — Provocou, pressionando a mão na sua testa e a afastando. — Não adianta, Iori e eu estamos juntas há muito tempo, não há nada que não possamos lidar.
Alana riu, limpando a tinta ao redor da tatuagem e a protegendo um plástico, afastando-se para jogar a camisa de Laura em sua direção para que se vestisse. Laura ainda caminhou pelo estúdio até o espelho em uma das paredes, olhando o desenho mais uma vez, orgulhosa e contente com a nova imagem eternizada em seu corpo, antes de colocar a camisa de flanela.
—Iori te ama, não estrague isso. — Alana chamou sua atenção, digitando na máquina de cobrança. — Agora me entregue o cartão, que te dou um desconto por bom comportamento.
—Não se preocupe, eu sei cuidar de Iori. — Ela tateou o bolso da calça e pegou a carteira, escolhendo um dos cartões e estendendo para ela. — E obrigada. Sei que sempre posso contar com você.
—Ótimo. Então cuide da minha obra de arte, e me ligue se acontecer qualquer coisa.
Laura montou em sua moto tão logo chegou na rua, prendendo os longos cabelos castanhos antes de colocar o capacete, ligando a moto e acelerando ao encontro de Iori. A mulher estava sentada na mesma mesa que costumava reservar, próximo a janela, não notou quando Laura estacionou a moto, entretida num aplicativo de celular, movendo o dedo para passar as fotos dos perfis de mulheres. Laura se aproximou e sentou ao seu lado, beijando sua bochecha antes de olhar a tela do celular.
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Nossa Vida Juntas
RomanceLana está superando um divórcio após anos numa relação intensa, e não esperava se apaixonar por uma de suas alunas da academia de dança. As coisas mudam quando sua aluna e a namorada demonstram interesse nela, e propõem uma relação. Envolvida por Io...