Décimo primeiro

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—Você só pode estar de brincadeira. — Lana pressionou o dedo na campainha com mais força que o necessário e por um período maior, grunhindo com raiva. — Como ela me chama para vir passar o final de semana e não está em casa?!

Desistiu de bater na porta, pegando o celular no bolso da blusa, movendo-se de um lado para o outro enquanto ligava para Laura, a neve começando a cair mais forte, pintando mais rapidamente o chão de branco. Estava quase desistindo da ligação quando ouviu a voz dela do outro lado, percebendo que estava num ambiente movimentado.

—Estou atrasada, não estou? — Perguntou com receio.

—Eu não sei. Você está atrasada para chegar na sua casa onde me disse que estaria esperando? — Lana indagou com ironia.

—Tudo bem, eu devo estar muito atrasada e você muito brava.

—O fato de você sequer saber se está atrasada me irrita. Por Deus, Laura, está nevando, estou para fora há mais de dez minutos. Você quer que eu congele aqui? Onde você está?

—Desculpa! Eu não imaginei que fosse demorar aqui no mercado. Eu queria preparar algo para o nosso jantar, e estava faltando várias coisas em casa. Achei que seria rápido aqui, mas encontrei um antigo paciente.

—E você parou para conversar?

—Eu não demorei.

—Demorou, se eu ainda estou debaixo da neve. Quer saber? Eu vou chamar um carro, deve ter algum próximo daqui.

—Não faça isso. Eu já estou indo. — Pediu em meio a surpresa da ideia.

—A neve está engrossando, Laura.

—Qual é Lana. Eu chegarei rápido. Não vá embora. Prometo que te compenso por isso.

—Laura... — Ela se recostou na porta, tentando se abrigar da neve debaixo do telhado, mas o vento frio continuava a atingi-la.

—Eu faço qualquer coisa que você quiser, só... espere por mim, por favor.

—Maldição... Está bem, eu espero.

—Obrigada. Eu chegarei o mais rápido que puder.

—Só dirija com calma. Está nevando. Não quero que se meta num acidente vindo para cá.

—Não se preocupe, eu chegarei em casa inteira.

Lana suspirou e desligou, xingando em voz alta. Buscou se aquecer, movendo as mãos pelos braços e balançando as pernas, baixando o capuz na cabeça e cobrindo o nariz com o cachecol. Teve de esperar outros quinze minutos até ver o carro de Laura chegar, entrando na garagem, ela correu em sua direção enquanto a porta da garagem ainda abaixava, movendo as chaves na mão até encontrar a certa.

—Eu realmente sinto muito por isso. — Falou enquanto abria a porta da casa. — Eu juro que não planejei isso dessa forma.

—Espero que não.

—Venha. — Ela a guiou para dentro, fechando a porta e buscando acionar o aquecedor, voltando-se a Lana e segurando seu rosto, preocupada. — Droga, você está gelada.

—É claro que estou gelada. — Lana a afastou, baixando o cachecol. — Meia hora lá fora, Laura. Você podia ter me avisado antes que tinha ido no mercado. Eu teria te encontrado lá. — Falou com nervosismo, ainda a controlar o tom.

—Eu achei que chegaria antes de você aqui.

—Qual é Laura. Você devia ter me avisado da mesma forma. Você me chamou para vir aqui hoje, nos falamos há pouco mais de duas horas. Então você simplesmente sai e não imagina que eu poderia chegar antes? — Seus dedos trêmulos abriam o casaco, retirando-o e se afastando dela para colocar atrás da porta.

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