Laura pegou o próprio celular, checando suas mensagens enquanto esperava por Iori, mas foi Chieko quem chegou primeiro, sentando a sua frente e a encarando por um momento mais intenso.
—Sra. Sasaki. — Laura a cumprimentou, respirando fundo.
—Já passamos da fase das formalidades há muito tempo, Laura.
—Você tem razão, mas é sempre bom demonstrar reconhecimento pela sua posição. Você é mãe de Iori, avó de Mahina.
—Oh, que mudança. E onde elas estão?
—Já era para terem voltado do banheiro. Iori deve ter passado em alguma loja no caminho.
—Você quer ir até elas ou quer esperar?
—Posso esperar. Eu queria mesmo falar com você.
—Sobre sua volta ao lado de minha filha?
—Sim, sobre isso essencialmente.
—Bem, confesso que fiquei surpresa quando Lana contou sobre isso.
—É bom saber que ainda posso te surpreender Chieko. — Ela sorriu com o fato.
—Elas nunca me disseram o que você fez para te afastarem tão rápido, inclusive de Mahina. Deve ter sido algo grave.
—Bem, eu disse a elas que seria mais sincera. Nada mais justo que isso se estenda a você. — Ela bebeu o resto do suco que tinha sobre a mesa para molhar a boca. — Eu tive a pior discussão com Iori naquela noite que ela me pediu em casamento e que Lana entrou em trabalho de parto. Eu nem lembro como foi que começou. Mas se escalou tão rápido e de maneira tão intensa. Eu lembro do olhar e do tom arrogante que Iori usava para pontuar todos meus erros e minhas falhas, assim como você.
—Como eu? — Chieko estreitou os olhos em sua direção.
—Você sabe que faz isso, eu odiava o quanto vocês eram semelhantes para apontar todos os meus erros e agirem com tanta superioridade. E Iori sabe o quanto isso me irrita, mas usa esse artifício justamente para me machucar.
—E você fez o que?
—O celular dela não parava de tocar em meio a tudo isso. Quando vi que era você só piorou as coisas. Eu disse que ela tinha se tornado uma cópia perfeita de você, ela me chamou de lixo cultural. Eu perdi a cabeça e lancei o celular nela, mas ela não desviou. — Ela manteve os olhos firmes em Chieko, que a encarava com intensidade. — Ela ficou com uma marca horrível na barriga, eu nunca vou esquecer. Ela sentiu tanta dor que eu achei que tivesse quebrado uma costela, nunca vou me perdoar.
—E você está mesmo me dizendo tudo isso?
—Sim. Eu não posso pedir que me aceite ao lado de Iori ou de Lana sem que saiba a verdade.
—E você quer isso agora? Depois de todos esses anos você quer minha aprovação nessa relação?
—Sim. Eu quero. Porque acima de tudo Iori é sua filha. Eu valorizo minha família e sei que Iori quer honrar seu nome. Sei que Lana entendeu primeiro que eu como funciona sua família e que buscou seguir os rituais para ser aceita, e eu quero a mesma coisa.
—Você me conta que agrediu minha filha e que poderia ter quebrado uma costela, mas espera que eu aceite sua aproximação dela?
—Se você quer me punir você tem todos os recursos e motivos para fazer isso. Eu não vou me opor. Mas não vai mudar o fato de que eu amo aquelas duas e que elas me aceitaram de volta, que me perdoaram. Não há nada que você possa fazer que vá me machucar mais do que ter ficado longe delas e de minha filha.
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Nossa Vida Juntas
RomanceLana está superando um divórcio após anos numa relação intensa, e não esperava se apaixonar por uma de suas alunas da academia de dança. As coisas mudam quando sua aluna e a namorada demonstram interesse nela, e propõem uma relação. Envolvida por Io...