Quadragésimo terceiro

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—Fernando, você pode me explicar por que tem um bebê aqui? — Laura questionou pela terceira vez, enquanto o irmão tentava inutilmente fazer o bebê parar de chorar. — Por Santa Guadalupe, me dê ele aqui. Você só o está deixando agitado.

Ela o tirou dos seus braços com cautela, ajeitando-o em seus braços, movendo o corpo a fim de acalmá-lo. Colocou um dedo em sua boca, ele sugou em resposta e ela encarou o irmão com olhos estreitos.

—Cadê a mãe dele? Ele está com fome.

—Ele não tem mãe.

—Não me venha com essa. Todos temos uma mãe e um pai, mesmo que os pais fujam quando descobrem o que fizeram.

—Não é esse o caso, claro que ele teve uma mãe, mas ela... Ela morreu no parto.

—O que? — Laura o encarou perplexa, desviando o olhar somente quando o bebê começou a chorar e ela caminhou em direção a cozinha do seu apartamento. — E por que você tem um bebê sem mãe? Como conseguiu essa criança, Fernando? Você pode ser mais claro? E não fique aí parado, me ajude a fazer a mamadeira dele. Eu ainda devo ter uma mamadeira de Mahina aqui e um leite fechado na dispensa.

Fernando se moveu para ajudar, agilmente esquentando o leite na mamadeira em banho maria e checando a temperatura, só então Laura foi para a sala e o ninou enquanto bebia o leite com fome. O bebê aparentava ter poucas semanas de vida, tinha a pele na mesma tonalidade que a dela e os olhos castanhos claros. Tinha um punhado de cabelos encaracolados na cabeça no tom mais escuro que os olhos, para esse detalhe ela encarou o irmão, olhando entre ambos enquanto raciocinava.

—Me diga que não é o que estou pensando. Diga que não traiu Paulina e que esse não é seu filho com a sua amante.

—Então eu estaria mentindo.

—Eu não acredito nisso, Fernando. Você teve um filho com outra mulher? — Questionou com aparente desgosto da ideia. — Pela Virgem Guadalupe, nossa mãe vai te matar antes de passar mal se descobrir o que você fez. Como você foi capaz de desgraçar sua família por causa de prazer fora do casamento?

—Eu fui um idiota, Laura, eu sei disso. Paulina tinha falado sobre divórcio, eu fiquei devastado. Saí de casa por uma semana e fiz de tudo, por Deus, eu jurava que ela tinha outro, então pensei, por que não dar o troco? — Ele desviou o olhar, angustiado com a recordação. — Mas ela pediu para voltar, disse que era um erro estragar nossa família.

—Mas você já tinha feito a besteira de engravidar essa mulher. — Constatou, buscando manter o tom baixo para não assustar o bebê. — Quem era essa mulher, Fernando? Ao menos sabe se o filho é seu?

—Claro que é meu Laura, é minha cópia completa, você sabe disso da mesma forma que eu. É só olhar para ele.

—Você é um completo idiota, Fernando. Você sabe que vai ter que contar a Paulina. Se não contar, eu contarei. Você não pode enganar sua mulher.

—Eu contei que tive um caso, Laura, que tipo de homem você acha que eu sou?

—O que se enfiou no primeiro par de pernas que encontrou. E o que Paulina falou?

—Ela não quer ver esse bebê perto. Falou que ou eu dava para a adoção ou iria se separar de mim.

—Ela devia se separar de você da mesma forma. Bastou uma semana para você engravidar outra mulher, você é um canalha, Fernando.

—Você pode parar de me julgar por um minuto? Eu não planejei as coisas assim. Eu ia assumir a criança, ia pagar a pensão a mãe, mas eu não contava que ela morreria no parto. Eu não posso leva-lo para casa, Laura. Paulina iria me matar.

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