Capítulo 44

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'' Você só vai dar valor quando perder!'' aposto que em algum momento da vida todos os seres humanos já ouviram essa frase ser dita por alguém. E ela é, de fato, verdadeira. É só quando estamos diante da vida e a morte, do perigo e do desespero, é que percebemos que as nossas vidas não passam de livros. Livros que todos os dias é escrito algo novo e diferente, mas que ao mesmo tempo as páginas são viradas com a mesma rapidez que é escrita. Enquanto voltava para casa no carro dos meus amigos completamente devastada, eu pude finalmente perceber a real importância dessa frase que para muitos soa muito clichê. É incrível e ao mesmo tempo terrível saber que uma pessoa que você ama pode estar ao seu lado hoje, e amanhã não esta mais. Eu sei que eu tenho mais é que estar agradecida pelo fato do Bryan estar bem, com vida, ao nosso lado. E eu estava, mais do que tudo muito agradecida aos céus por tê-lo deixado ao meu lado, porém ao mesmo tempo, o sentimento da quase perda chegava a ser sufocante. Meus amigos me deixaram no prédio da minha tia para buscar a Ruth. Precisei passar cinco minutos me recuperando para poder tocar a campainha e olhar no rosto dos meus tios, principalmente da Ruth que era somente uma criança e não fazia ideia que o pai dela estava em um hospital.


    - Onde está a Ruth? - perguntei assim que Mariá abriu a porta. Ela me olhou chorosa e me abraçou apertado.


   - Ela está dormindo. Você está bem? 


  - Um pouco. Vou acorda-la para irmos para a casa. - disse me direcionando para o meu antigo quarto.


  - Fica aqui e dorme também, já é muito tarde e amanhã você precisa ir trabalhar e cuidar do seu namorado Ana. - disse se pondo em minha frente quando já ia pegando Ruth na cama que dormia tranquilamente. 


   - Já é tão tarde assim? - olhei as horas no relógio que havia na minha parede constatando que já eram 12:30 da madrugada. Suspirei derrotada sem saber o que fazer. Até que meus tios apareceram na porta vindo me abraçar.


  - Sua prima tem razão. Fique, amanhã pensamos no resto ok? - meu tio me olhou autoritário. Assenti dando de ombros. Sabia que não iria conseguir vencer essa discussão. Cobri Ruth com o cobertor e fiquei lhe observando dormir por alguns segundos até despertar do transe com a voz de Mariá.


 - Que tal dormir comigo? deixa a porta do quarto aberta, se ela acordar a gente vai ouvir. - assenti e sai do quarto deixando a porta meio aberta. Depois de me lavar e vesti um pijama emprestado me deitei ao lado da minha prima e fiquei olhando para o teto. Suspirei pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo.


   - Amiga você esta bem? - era a segunda vez que ela me fazia a mesma pergunta. Virei para seu lado e enxuguei uma lágrima sorrateira que caiu. 


  - Não. Estou me sentindo tão azarada. Como isso foi acontecer com o Bryan? meu Deus, ele quase morreu ... estou tão ... - não estava conseguindo colocar em palavras o que eu estava sentindo naquele momento. Ela suspirou e começou a acariciar meus cabelos.


  - Ana, eu sei que foi um susto terrível, e acredite, não foi só para você. Mas temos que ser fortes, principalmente você! ele é o seu namorado e pai da sua filha. Tem que ser corajosa e ajuda-lo para que ele se recupere logo. Ficar chorando e pensando no que poderia ter acontecido não vai te ajudar em nada. Encontre forças no amor que vocês sentem um pelo outro e pela sua filha. Amanhã vá trabalhar tranquila e depois cuide do Bryan. Não se preocupe com a Ruth que nós podemos ficar com ela o tempo que você precisar. - as palavras da minha prima me acalmaram e eu respirei fundo limpando as lágrimas do rosto. Ela tem razão, preciso ser forte por nós três, isso foi uma tempestade que chegou de repente, e eu tenho certeza que ela vai passar. 

Tinha que ser Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora