Capítulo 19

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     Na manhã de sábado levantei cedo para correr. Tomei um banho rápido e vesti um short junto com uma camiseta regata e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.

     Enquanto corria ouvindo música nos fones de ouvido, me esquecia de tudo ao redor e nem havia percebido quando já tinha chegado a orla da praia. Parei de correr enquanto esperava minha respiração voltar ao normal e tirei os fones do ouvido, os enrolando junto ao celular enquanto me aproximava a um quiosque.

   Parei quando esbarrei sem querer em algo grande.

   - Aí .. - meu coração deu um solavanco quando levantei os olhos e encontrei com os de Bryan.

   Ele sorrio surpreso ao me ver.

  - Ana?

  - O .. oi. - me recompus e guardei o celular em meu bolso.

    Por que eu tinha que encontra-lo justo quando estou suada, fedida e com os cabelos lá em cima?

   Espera, por que estou me preocupando com isso afinal?

    Ele continuou me olhando até que se virou para o senhor do quiosque.

  - Duas águas de coco. - o homem assentio e se afastou.

   - Aceita uma água de coco não é?

  Assenti devagar enquanto respirava fundo.

  Por que estou tão nervosa?

   - Então... adquiriu o hábito de correr? - perguntou se encostando a parede.

   - É, digamos que sim. - deixei um pequeno sorriso de lado escapar enquanto aproveitava a oportunidade para lhe observar.

     Ele levantou os olhos em minha direção me pegando no flagra.

   Corei.

   - Aqui, duas águas de coco. - o homem apareceu e Bryan se desencostou da parede tirando o dinheiro do bolso para lhe pagar.

   - Aqui. - me entregou um e eu o peguei.

  - Obrigada.

   Nos sentamos em um banco de frente para a praia.

   - Como foi ... esses seis anos em Nova York? - perguntou ainda olhando para o mar.

     Essa era a primeira vez que estávamos conversando devidamente desde que voltei.

    - Foram incríveis. Eu conheci e vive tanta coisa que eu nunca vou me esquecer. - disse sincera. - E você?

   Eu não queria que o assunto acabasse.

    Ele virou seu rosto me olhando com um sorriso incrível que me fez suspirar.

   - Quer mesmo saber?

   - Bom, se eu perguntei não é ... - ele começou a rir.

  E por alguma razão, era como que se voltassemos ao tempo de quando provocavamos um ao outro.

    - Tudo bem, deixe-me ver alguma coisa interessante... - ele fez algumas caretas enquanto pensava, o que me fez rir bastante.

   - Bom, eu estudei feito um louco. Conheci metade das boates de Recife e me tornei médico.

   - Nossa, super interessante. - disse lhe arrancando uma gargalhada que fez meu coração saltar.

    - E você, conheceu bastantes gringos? - ele se levantou jogando nossos cocos no lixo e se sentou novamente.

    - Olha minha lista foi bem extensa... - disse sorrindo.

    - Sério? não me diga..

    - Pois é. - joguei meu cabelo para o lado e ele sorrio novamente.

    Ficamos em silêncio por um estante até ele o quebra-lo.

   - Devo admitir que não te reconheci naquele dia quando vi você no hospital.

    Sorri me lembrando.

   - Eu voltei tão feia assim? - brinquei olhando para o mar.

 
   - Pelo contrário. - olhei em seus olhos. - Voltou ainda mais linda do que era.

    Virei o rosto completamente corada.

   - Eu não te reconheci também. Estava todo galante para a Cátia naquele dia. - disse mudando um pouco do assunto.

   Ele sorrio abaixando a cabeça.

  - Eu só soube que era você quando lhe perguntei quem você era. Ele é o doutor Bryan Alcântara, um dos cirurgiões desse hospital. Ele é lindo não é? - imitei o que ela tinha me dito naquele dia e ele gargalhou.

    - Eu sei, eu sou um gato. - disse fingindo jogar o cabelo para o lado e foi minha vez de rir.

     - Sempre convencido. Acho que você não mudou muito nesse aspecto. - disse balançando a cabeça ainda sorrindo.

      - Nem tudo agente consegue mudar não é? .. - disse.

    - Verdade. - respondi e me levantei. - Eu preciso ir, foi bom te ver. - disse e ele se levantou também.

   - Tudo bem. - ele se aproximou para deixar um beijo no meu rosto e isso foi o suficiente para fazer meu coração ir parar na garganta. - Foi bom te ver também.

   Assenti ainda com o coração acelerado e comecei a caminhar em direção a minha casa.

         Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi entrar embaixo do chuveiro e tomar um banho de cabeça para ver que se assim, minha cabeça parava de fervilhara um pouco.

   Depois do banho me enrolei na toalha e voltei para o meu quarto. Me sentei na cama enquanto  enchugava meu cabelo na toalha, olhei para a gaveta do meu criado-mudo e a abrir.

   Suspirei quando tirei de dentro da gaveta uma pequena correntinha de ouro com um simbolo do infinito.

       ''  - O que? - perguntei perdida e ele apontou para o meu pescoço onde encontrei uma correntinha de ouro.

 
  - É para que mesmo quando estivermos longe um do outro, possa se lembrar de mim. ''

    Enquanto olhava aquele pequeno objeto em minhas mãos senti uma lágrima rolar.

   - Eu não consigo entender. Vivemos tantas coisas juntos... por que Bryan...

     Peguei o anel e o observei. Quantas vezes eu já tentei me livrar disso e nunca consigo. Tentei colocar em meu dedo novamente mas não entrava completamente. Suspirei e os guardei dentro da gaveta novamente.

   Enxuguei meu rosto com a toalha e me levantei indo em direção ao closet e escolhi um vestido básico. O vesti e pentiei meu cabelo. Calcei uma sandália baixa e peguei minha bolsa colocando algumas coisas dentro e sai de casa.

   Enquanto esperava o elevador disquei o número de Roberta e no quarto toque ela atendeu.

   - Oi Ana.

   - Oi, estou entediada e não quero ficar sozinha em casa. Posso passar o dia aí? - entrei no elevador.

   - Ai amiga, agora pela manhã não vai dar. Eu e o Yago saímos logo de manhã cedo, fomos visitar os avós dele. Mas umas três da tarde eu já estou em casa. - disse. Do outro lado dava para ouvir vozes agitadas e bastante risadas.

   - Tudo bem. Então agente se vê de tarde. Beijos.

   - Beijos amiga.

    Desliguei o celular um pouco desanimada. Mas logo um sorriso se formou em meu rosto.

   

   Vou visitar os meus tios.

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