Capítulo 1.

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     Sabe aquele frio na barriga que você sente quando vai viajar pela primeira vez de avião? Bom, eu estava sentindo esse mesmo frio, só que pela segunda vez. E não era pelo avião, e sim, para onde ele iria.

  Assim que terminei de fechar minha última mala, me joguei no sofá e fitei a passagem de avião em cima da mesa de centro.

                 Brasil
     Pernambuco, Recife.

Sim, depois de seis anos morando em Nova York essa era a primeira vez que eu havia comprado uma passagem para lá. Você deve estar se perguntando: você nunca mais voltou lá? Nem para visitar sua família?

    Não. Eu não tinha voltado. Sim, podem me chamar de ingrata, mas se eu voltasse tudo o que eu vivi lá viria á tona. E eu não queria isso. Mas não quer dizer que eu não falava com eles, sempre mantinha contato com minha família, seja por telefone ou Internet. Sempre estávamos conectados.

    E uma grande bomba, esse sábado já seria o casamento da Roberta e o Yago. Sim, aquela góticazinha que foi minha primeira amiga e o loirozinho mulherengo realmente iriam se casar. Quando Roberta me deu a notícia quando estávamos conversando por webcan eu quase caí da cadeira, eu estava muito feliz por eles e pensar que o amor deles chegou até ao altar da vontade de chorar pela minha amiga. E outra bomba, eu seria sua madrinha junto com Mariá.

    A saudade que eu sentia de todos eles era imensa. E sim, agora depois de seis anos eu finalmente estava voltando.

    Olhei as horas no relógio em minha parede e me surpreendi com as horas. Já iriam dar dez horas da noite, meu avião sairia amanhã de nove horas da manhã e eu precisava estar disposta. Levantei e segui para o banheiro. Depois de um banho quente vesti um pijama simples e me joguei na cama.

   Sabe quando seu corpo está mais cansado do que um trabalhador que passou o dia todo carregando carros de mão cheios de areia? Bom, meu corpo estava assim de tantas roupas e malas que fechei, digamos que minha estadia aqui em Nova York tenha me proporcionado um guarda-roupa pra vida toda. Mas minha consciência estava em marte. Pois ela não parava de trabalhar, tudo já estava pronto para amanhã, quem me buscaria no aeroporto era tio Nelson e tudo já estava arrumado. Mas no fundo, bem lá no fundo do meu coração eu sabia o que estaria tirando o meu sono. E quem eu iria encontrar.

                          

                           [♥]

     Seis horas da manhã e eu já estava em pé em uma segunda-feira, já tinha ligado para um táxi e ele estava a caminho. Fechei meu casaquinho para que me esquentasse mais e fechei meu apartamento. Foi meio difícil entrar no elevador com minhas cinco malas  enormes mas eu consegui. O táxi já estava em minha espera quando cheguei ao térreo. Logo em seguida as ruas de Nova York passavam como um flash pela janela do carro. Uma moça com as mãos cheias de livros passou correndo e eu me peguei rindo sozinha. Eu era bem assim com toda a correria da cidade e as aulas na Universidade. Eu me sentia um peixe fora d'água quando pisei aqui.

   Não vou dizer que eu me arrependi de ter vindo para cá. Não mesmo. Foi a melhor escolha que eu fiz na vida. Conheci tantas pessoas e vive tantas experiências que não consigo nem contar. E sim, respondendo a pergunta de toda garota que sonha em vim para Nova York: como são os homens Novayorkinos? Simplesmente lindos. Alguns cafajestes, outros arrogantes, alguns CEOs lindíssimos pois eu trabalhei como secretaria para pagar minhas contas, mas é como dizia minha vó, beleza não põe mesa. Varias pessoas passaram em minha vida. Mas estava na hora de voltar. Já tinha terminado meu curso de Nutrição com um diploma incrível. Podem me chamar de Doutora Ana Alice por favor. E com a recomendação que ganhei poderia trabalhar em qualquer hospital de Recife que eu escolhesse, e eu não via a hora de por meu jaleco e exercer minha profissão.

   

      Já acomodada em meu assento no avião, fechei os olhos e relaxei com meus fones no ouvido, muitas horas ainda iriam percorrer ate meu destino.

   Abri os olhos quando senti alguem me cutucando.

  - O avião já vai pousar senhorita. - avisou a aeromoça com um sorriso de comercial de pasta de dente.

- Ah, obrigada. - ela assentio e saio.

  Nem tinha percebido que tinha pegado no sono. Parei a música em meu celular e o guardei junto com o fone em meu bolso. O casaquinho que havia colocado já não era mais preciso. Pois assim que sai pela saída de desembarque o calor me atingio e eu senti. Eu estava em casa.

     Enquanto estava ajeitando minhas malas no carrinho uma escorregou e caio exatamente no pé de alguém que ia passando do meu lado na hora.

- AAAH. - gritou a pessoa, e caramba que grito másculo.

- Mil desculpas. - me abaixei e levantei minha mala. Olhei para a pessoa que eu quase fiz o pé de purê e uou.

- Não tudo bem, nossa o que você colocou nessa mala moça? chumbo? - o tal cara falou me olhando com uma expressão de dor e deboche.

- Não, são roupas. E você é muito froxo - virei o rosto e novamente ajeitei minha mala no carrinho. - Bom, até mais.

   Sai andando procurando por meu tio. O que? eu não tive culpa pelo o que aconteceu. Foi um acidente e encontrar com minha família era mais importante.

     Avistei ao longe um homem alto com uma plaquinha com meu nome escrito. Caminhei meio correndo em sua direção e me joguei em seus braços.

- Tio Nelson. - as lágrimas imediatamente inundaram meus olhos com seu abraço.

- Ana, minha princesa. - senti o tecido da minha camiseta molhar com suas lágrimas. Nos afastamos para nos olharmos.  - Como você cresceu. - sorrio, aquele mesmo sorriso amável de quando eu me lembro.

    Mesmo com os anos que se passaram meu tio continuava lindo. E os cabelos grisalhos o deixaram ainda mais bonito.

    - Verdade. - sorri limpando as lágrimas.

- Vamos que tenho uma surpresa pra você. - disse animado pegando o carrinho e levando para a saída do aeroporto.

- Que surpresa?

- Você vai ver. - disse enquanto eu o ajudava a por as malas no carro. Entramos e logo o carro foi ligado.

  Mesmo com todos os meus protestos pedindo que ele me contasse ele não dizia nada. Quando enfim reconheci a rua em que tínhamos acabado de entrar avistei o prédio onde eu morava ao longe e logo a nostalgia me encheu. Entramos no estacionamento e nossa, muita coisa tinha mudado. Desde a decoração do prédio como também as ruas. Pegamos as malas e entramos no elevador. Quando chegamos ao andar logo avistei a porta de número 22 olhei para o meu tio e ele sorrio.

- Bem-vinda de volta querida. - disse sorrindo. Abri a porta segurando as lágrimas e não tinha mais como segura-las quando uma multidão de pessoas apareceram gritando o meu nome.

- SURPRESA ANA!!!

   Sim, agora eu realmente estava em casa.






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