In my head

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CAPÍTULO 57

JULIA’S P.O.V

     É obvio que eu não queria ser modelo. Eu odeio tirar fotos e as vezes não deixava nem Jungkook me fotografar, mas ele parecia tão indiferente agora que se eu aceitasse, acho que ele nem mesmo se importaria. Eu deveria continuar com esse “teste” de ciúmes? Porque, se Jungkook gosta de mim ainda, tem que demonstrar ciúmes, nem que seja um pouquinho.

     - Bom, eu vou pensar. - Sorri respondendo o Theo depois que ele relembrou o assunto das fotos pra Balenciaga perto do Jungkook. Eu o odiava e sabia que ele só queria provocar o JK. Naquele momento, isso era um pouco vantajoso pra mim. Queria que meu namorado sentisse ciumes, mas um ciúmes bem explicito. Queria ver o Jungkook bravo e demonstrando que ninguém mexe com a garota dele, por mais machista que isso seja. - Seu número ainda é o mesmo, certo? Eu te mando mensagem... - Disse minha resposta propositalmente em inglês, para que JK entendesse. ELE TINHA QUE DEMONSTRAR ALGUMA REAÇÃO! Theo piscou pra mim, mas não pudemos continuar com o joguinho que fazíamos, pois Yeri o chamou e o fez sumir de perto.

     - Preciso ir também. - Jungkook se afastou e ia sair assim, sem mais nem menos, mas puxei a manga da blusa que ele usava.

     - Vou dormir no seu apartamento hoje, tá? Pra gente ficar juntinho. - Eu disse fazendo uma carinha manhosa. Minha voz no coreano acabou saindo mais infantil do que eu gostaria, parecia que eu estava fazendo aquelas fofuras que os idols fazem pra agradar as fãs. Espero que ninguém tenha filmado essa cena ridícula. Jungkook passou a língua nos lábios, mas não de uma maneira sexy, apenas com irritação, como se quisesse fugir logo de perto de mim.

     - Tá. - Me respondeu. Apenas me deu um selinho e saiu, praticamente correndo.

     Definitivamente, Jungkook não estava mais nem ai para nós dois.

[...]

     Eu não sabia quanto tempo JK demoraria pra sair da Big Hit depois do desfile, mas eu corri direto pro apartamento dele. Não gostava de ter ele distante. Não queria ter ele distante. O fato de ele não ter ciúmes, infelizmente, me machucava. O que é algo péssimo. Ciúmes não deveria nem existir, eu sei o quanto é incômodo, então por que querer fazer Jungkook sentir?

     Não quero que ele saia em turnê brigado comigo e simplesmente se esqueça de mim aos poucos. Eu quero ele, demonstrando calorosamente tudo que sente.

     Tomei um banho, pelo menos o cheirinho dele eu ainda tinha. Vesti as roupas dele, adorava fazer isso. Talvez eu devesse tentar conversar, mas sobre o que? Minhas paranoias? E se eu conversar e ele quiser terminar? Não quero isso. Odeio quando minha mente me prega peças. Me sentei na cama e abraçei à mim mesma, esperando ele chegar.

     Ouvi a porta da entrada bater, mas não movi nenhum músculo para recepciona-lo. Permaneci ali, quase em posição fetal na cama. Ele entrou no quarto, ignorou minha presença e se trancou no banheiro. Aquilo era tão doloroso. Respirei fundo e segurei meu choro. Não conseguiria conversar. E se eu tentasse fazer um carinho nele? Talvez funcionasse...

     Depois de um tempo, a porta do banheiro foi aberta e junto uma grande quantidade de vapor. Ele não me olhou, apenas foi para o closet se trocar. Vestiu um pijama. Ele nunca fazia isso, sempre dormia de cueca quando estava comigo. Jungkook apagou a luz e logo senti o colchão abaixar ao meu lado. Ele havia se deitado, mas de costas. Eu me fingi de boba até agora, desviei o olhar e fingi tentar dormir, mas nesse momento arriscaria uma aproximação. Arrastei meu corpo perto do dele e tentei nos encaixar confortávelmente. JK respirou fundo. Comecei dando um beijo em seu ombro, como um beijinho de boa noite, mas nada. Nenhuma reação. Acariciei seu bíceps lentamente, ele fez um movimento leve para se afastar. Senti meu coração palpitar com essa indiferença. Passei minha mão por sua cintura e devagar a desci para seu membro. Comecei uma massagem calma. Jungkook segurou em meu pulso e disse:

     - Não to no clima, Ju. - Sua voz era baixa. Ele nem mesmo tentou ser fofo. Respirei fundo pela milésima vez naquela noite e me afastei, me encolhendo em meu canto.

     Quer saber? Se ele não está no clima, que pena! Vou dormir no meu apartamento.

     Ele vai ter uma reação pra isso, certo? Ele nunca me deixaria sair assim...

     - Onde vai? - Perguntou quando me levantei da cama. Finalmente!

     - Vou pro meu apartamento. Se você não está no clima, é melhor ficar sozinho. - Provoquei.

     - Hm... - Ele suspirou. - Tudo bem, então. - Disse, apenas.

     Segui com minha decisão, mas com os olhos escorrendo em lágrimas, completamente em prantos. Fui o mais rápido que pude ao meu apartamento, só notei quando estava em casa que eu havia corrido descalça. Pouco me importei, apenas me joguei na cama e gritei no travesseiro. Era como estar vivendo na adolescência de novo. Peguei meu celular, eram duas e pouco da manhã. Seriam duas da tarde no Brasil e por isso decidi ligar pra Bia:

     - Amiga... - Soluçei depois de ouvir um alô.

     - Ju? Você tá chorando? Aconteceu alguma coisa? Não foi nenhuma fã maluca, né?

     - Você consegue vir pra cá? - Perguntei. Até parecia loucura. - Não precisa de visto, eu pago a passagem, só...

     - Ju, o que aconteceu? - Ela me interrompeu. Eu estava soluçando e falando enrolado.

     - Bia, por favor, vem. O Theo apareceu. - Consegui dizer. - E acho que o Jungkook quer terminar comigo... - Minha voz foi ficando mais fina.

     - Júlia, você tá com medo que um cara termine o namoro com você? Não é como se o mundo fosse acabar!

     - BIA! - Gritei. - Você não entende... Eu amo o Jungkook. Preciso muito que você venha...

     -Ai. - Ela suspirou. - Eu posso ir, estou de férias, mas agora que consegui raciocinar, você disse Theo? O Theo mesmo?

     - Sim, ele veio pra cá e ainda me chamou pra ser modelo da Balenciaga. Ah, muita coisa aconteceu, por favor, vem...

     - Não, espera. O Theo? Mas ele... - Raciocinou por um minutos, mas logo trocou de assunto. - Bom, acho melhor eu ir pra aí mesmo. Qual o melhor dia?

     - HOJE! - Supliquei. - Vou achar a passagem e te mando o dinheiro, tá?

     - Tá. Fica bem, ok? Respira, toma algum remédio. Vai ficar tudo bem...

[...]

     Eu tentei dormir, mas não foi muito fácil. Minha mente e meu coração me pregavam peças. A madrugada foi longa e pela manhã eu já havia desistido de tentar dormir. Um café preto fresquinho foi o que me ajudou a ficar acordada. Eu poderia ir para o estúdio desenhar um pouco, a Bia só chegaria pela manhã do próximo dia. Jungkook podia aparecer nesse meio tempo para se explicar, mas... Não, esquece. Preciso pensar em outra coisa além de Jungkook agora, não é como se minha vida dependesse dele.

    Com meu café em mãos, fui para o estúdio e peguei uma tela bem grande, mas ainda não sabia ao certo o que fazer ali. Selecionei algumas cores de tinta e apenas deixei que minha mente fluísse. Sentir os materiais deslizando pelo tecido me davam certo prazer e eu até conseguia me sentir em outro mundo enquanto trabalhava.Vermelho, azul, roxo. Roxo é a cor favorita do Jungkook.
Prefiro deixar essa de lado. Continuo com os traços e não uso formas geométricas, apenas traços contínuos, mas sem sentido nenhum. Era assim que eu me sentia agora. Saindo do meu
mundinho, ouvi meu celular tocar. Eu tinha colocado “dope” dos meninos como toque. Que burra, agora eu estava ouvindo a voz dele de novo. Peguei o aparelho, era Sr. Park:

     - Oi filha! - Ele me disse.

     - Oi, Sr. Park! Bom dia! - Tentei esconder como eu estava mal.

     - Eu estou aqui perto do Trimage, quer ir tomar um café comigo?

     - Ah... - Raciocinei rápido. Seria bom continuar me distraindo. - Pode ser. Vou me trocar e te encontro na portaria.

     - Combinado! - Respondeu e desligou.

"Souvenir" - IMAGINE JEON JUNGKOOK - FANFIC FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora