capítulo sete

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Quarta-feira ; 5 dias depois

─ Sanie, preciso devolver um livro à biblioteca, avisa ao papai, caso ele comece a preparar o jantar antes de eu chegar?

─ Aviso sim, sua nerd. ─ Sorriu depositando um selar na testa da irmã antes de seguir para o sofá, onde jogou-se sem hesitação alguma. A mais nova revirou os olhos, contudo, não pôde evitar de sorrir ao observá-lo.

Assim, Jeongin pôs os fones de ouvido, programou sua playlist favorita para reproduzir ─ DAY6 era sempre responsável pela trilha sonora de sua vida ─ e saiu de casa.

Era fim de março, o dia estava ensolarado, a temperatura amena parecia envolver as flores de cerejeira, incentivando-as a mostrarem-se a todos. Jeongin gostava desse cenário, de ver as pessoas caminhando umas com as outras, do chocolate quente dando espaço para as bebidas frescas ou ao sorvete, dos casacos pesados sendo trocados por roupas pouco mais leves, dos gorros por boinas e bonés.

A biblioteca não ficava longe de casa. Mais ou menos umas duas ou três músicas e Jeongin já estava em seu pequeno paraíso na Terra. Estranhou o fato de ter mais gente que o habitual, mas nem mesmo seu mínimo potencial de sociabilidade era maior que seu prazer de estar ali.

Caminhando pelo lado oposto da rua, de mãos dadas com o irmãozinho, enquanto saboreavam deliciosas casquinhas de chocolate, Yunho viu ao longe a figura baixinha de cabelos negros entrando na biblioteca pública.

Já havia se passado quase uma semana do fatídico ocorrido na cafeteria. Desde então, a relação entre os dois, que já era quase inexistente, piorou. Quando ele aparecia no apartamento, ela imediatamente saía ou ficava trancada no quarto. Na escola não era diferente, não a via sequer nos intervalos. Às vezes pensava que tinha usurpado uma parte da energia da garota ou algo assim.

A família ainda não tinha uma resposta sobre o comparecimento ou ausência da "namorada" no tal almoço. Seria a reclusa absoluta de Choi Jeongin um "não", ou ela ainda estaria pensando? Você só saberá se perguntar de novo. ─ Respondeu uma voz interna, mas e se isso acabasse irritando-a ainda mais? Você só saberá se perguntar de novo! ─ Continuou a voz.

Jeong suspirou, parou de andar, então voltou a atenção para o irmão.

─ Gunho, precisamos parar na biblioteca antes de voltar pra casa, tudo bem?

─ Mas nós nunca vamos lá, por que precisamos parar hoje?

─ Porque tenho que fazer algo muito importante hoje. ─ Respondeu um tanto contrariado. Um bico surgiu nos lábios do garotinho, então o maior abaixou-se para ficar mais ou menos de sua alura. ─ Sei que prometi fazer uma maratona de Toy Story com você e minha promessa ainda está de pé... só vai demorar alguns minutos, ok?

─ O que vai fazer, hyung?

─ Falar com alguém. ─ Ditou fitando o caçula em expectativa. Gunho ponderou por um instante, até suspirar e concordar com um gesto de cabeça. ─ Obrigado, você é muito atencioso.

Ambos trocaram um aperto de mão cortês ─ bastante comum entre rapazes de dezoito e seis anos ─ logo seguiram rumo à biblioteca. Ainda na entrada um homem baixinho e muito iracível avisou que eles não poderiam "penetrar aquele lugar sagrado" enquanto estivessem consumindo os sorvetes, por mais que Yunho tivesse dito, ou tentado dizer, que eles não pegariam livros. Sendo assim, o acastanhado praticamente engoliu a casquinha e deixou o irmão aguardando na entrada sob o juramento seríssimo de não falar com estranhos e não sair do lugar.

Não foi fácil encontrar Jeongin no extenso perímetro do local dentre tantas estantes com pelo menos o dobro de sua altura, porém Yunho conseguiu fazê-lo em alguns minutos.

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